quinta-feira, 15 de outubro de 2009

La Noche del 10

Uma vez, há alguns anos, mandei um e-mail para um programa argentino chamado “La Noche Del 10”. Ele era apresentado por ninguém menos que Don Diego Armando Maradona, um dos grandes gênios do futebol. Acho que foi a única vez que fiz isto na minha vida. Nunca fui de ficar mandando e-mails, cartas ou ligando para programas de TV.

Para deixar claro, sou Pelé até a morte, mas admiro também os outros gênios do futebol, e o Maradona, sem dúvida, é um deles. Mas eu acho que com aquela vitória da Argentina sobre o Uruguai fechou-se um ciclo muito mais importante e não tão comentado. O ciclo da recuperação. É claro que não é surpresa a Seleção Argentina conquistar uma vaga na Copa do Mundo. Aliás, a vaga é dela. Assim como a do Brasil é dele. O estranho seria uma destas equipes não se classificarem.

Mas e o cara que foi o melhor do mundo, depois passou por uma fase ruim com drogas, voltou muito bem na Copa do Mundo de 1994, foi punido por doping, passou por toda sorte de desventuras, até voltar à Seleção como treinador e levar o time à Copa do Mundo de 2010? E se ainda pensarmos que nas duas últimas partidas os gols saíram dos pés de jogadores que ele colocou para jogar no meio da partida? Será que ele não tem méritos como técnico? E se pensarmos em uma Argentina jogando totalmente fora de suas características por um bem maior, como aconteceu ontem? Será que qualquer outro treinador conseguiria fazer a albiceleste jogar aplicadinha na defesa, jogando com o bumbum na trave?

E vale gastar alguns minutos refletindo sobre a coragem do Maradona, afinal de contas poucos jogadores aceitaram correr este risco, e muitas vezes nós, pessoas comuns, com muito mais a provar, acabamos nos acovardando frente aos desafios mais simples. Mas talvez esta seja mesmo a diferença entre pessoas comuns e grandes gênios.

No fim, fica a vontade de ver o Maradona colocar a cereja neste bolo e participar de mais um Mundial, desta vez comandando sua equipe do banco de reservas. E só para registrar, a Seleção Brasileira se classificou para a Copa do Mundo de 1994 desacreditada como a Seleção Argentina, e ganhando do Uruguai...

terça-feira, 13 de outubro de 2009

As belezas do caminho


Depois de um Sul-Americano cansativo na Argentina e um fim de semana simplesmente perfeito em São Paulo, voltei a Jaraguá do Sul de ônibus, chegando hoje (13/10), às 5h00. Às 13h00 já estava no ônibus novamente, desta vez com destino a Criciúma (SC), onde jogaremos pelo Estadual à noite, voltando a Jaraguá em seguida. Vale lembrar que cada perna desta viagem dura 5 horas.


De qualquer forma, a foto acima é para lembrar a mim mesmo que não posso pensar apenas no objetivo e não aproveitar o caminho. A foto acima não está bem feita, até porque tirei com o ônibus em movimento, depois de dormir por duas horas, mas serve para ilustrar a vista que teria perdido caso me mantivesse de olhos fechados. Florianópolis.

sábado, 3 de outubro de 2009

O Brasil e os grandes eventos esportivos


Mais uma vez o Brasil conquistou uma grande vitória no esporte, fora das áreas de competição. Depois de sediar o surpreendentemente bem organizado Pan-americano e de conquistar o direito de sediar a Copa do Mundo de 2014, venceu a difícil disputa para abrigar as Olimpíadas de 2016.

Nem mesmo o Presidente pop-decadente Barack Obama, que defendia a candidatura de Chicago (My Kind of Town) foi capaz de segurar o furacão tupiniquim. E aos poucos Tóquio e Madri também foram ficando para trás. É claro que isto é sintomático, o Brasil está na moda. Mas a questão que fica é: qual o legado de uma olimpíada para o país do futebol?

Quando se fala em evolução de uma cidade provocada pelo esporte, o caso mais clássico é de Barcelona, que sediou os Jogos Olímpicos de 1992 (sim, aqueles mesmo do Gustavo Borges). A cidade, que segundo quem a conhecia, era ultrapassada e suja, transformou-se em uma verdadeira metrópole mundial. Pouco antes de visitá-la pela primeira vez, conversando com o bicampeão olímpico Maurício Lima, do vôlei, durante o Pan, no Rio de Janeiro, ele exaltava a organização e as instalações do Pan, dignas de uma Olimpíada.

Pois assim que o Pan terminou viajei a Europa com a Camila e uma das primeiras cidades que conhecemos foi exatamente a capital da Catalunha. Ficamos impressionados com o quão moderna ela é, mas também pudemos constatar que algumas das instalações Pan-americanas realmente estavam à frente das olímpicas, com destaque ao Engenhão, que supera o Estádio Olímpico de Barcelona sem a menor cerimônia. Claro que estamos comparando uma edificação de 1992 com outra de 2007, mas dada a diferença de grandeza entre os eventos e de prosperidade entre os países, a vantagem brasileira me surpreendeu.

Com relação aos ginásios construídos para os dois eventos, a vantagem também é brasileira, com a Arena Multiuso dando um verdadeiro banho em sua similar espanhola. Mas o ponto não é qual estádio, ginásio ou piscina é mais moderno. A grande questão é o qual a herança que fica para o país sede, afinal de contas todo o investimento e esforço empenhados devem deixar muito mais do que um monte de concreto.

Obviamente todos os 25 bilhões de reais investidos nas Olimpíadas cariocas gerarão milhões de empregos em todo o Brasil, melhorando a qualidade de vida de muitas famílias, o que por si já serve como uma boa desculpa para tamanha “excentricidade”, afinal de contas de uma certa maneira gerar empregos é muito melhor do que a política assistencialista demagoga adotada pelo Governo Lula ao longo de todos estes anos. Mas um evento deste tem que deixar uma herança que, embora se proclame o contrário, o Pan não foi capaz de deixar.

É preciso tocar o âmago da cultura brasileira. Não apenas carioca, mas de todo o país. É preciso poder andar com segurança nas ruas do Rio de Janeiro. É preciso ter um transporte público que atenda com dignidade a população e os turistas, que ao contrário do que se pensa não querem e não são acostumados a andar somente de táxi. É preciso que em uma das cidades com maior potencial turístico de todo o mundo, e sem dúvida a mais bela em recursos naturais, ao menos se possa ser atendido em inglês e em castelhano. É mais do que preciso que se entenda que não é agradável sentar-se em um belo quiosque à beira-mar, com garotos pedindo esmola a todo momento e pseudo-artistas tentando de todas as formas levar um troco.

Este é o grande legado dos Jogos Olímpicos. E dá tempo para se fazer muito. Está na hora dos jornais pararem de ir pesquisar o que os argentinos acharam da eleição do Rio e se virarem para as comunidades mais carentes da Cidade Maravilhosa para perguntar o que eles entendem de tudo isto e o que esperam que melhore em suas vidas. Já nos sentamos demais para apontar o dedo para os outros. O Brasil não está apenas nos pés dos gringos e gringas descolados. Ele está também na cabeça. O Rio de Janeiro é, sim, o nosso cartão postal, mas já está na hora de ser muito mais. E o esporte pode ser o passaporte para sua evolução e revolução. São os três maiores eventos possíveis em apenas nove anos. Um fato inédito em todo o mundo.

O Pan-americano mostrou que o país pode sediar grandes eventos, mas pouco deixou para a cidade além de boas recordações e uma grande estrutura que se deteriora diariamente. A Copa do Mundo de 2014 é vista e tratada como a grande cachaça do povo, apesar de poucos se darem conta disso. Ela também mostra como ainda estamos despreparados para regras rígidas. Vide o caso do Morumbi, em que a diretoria do SPFC achou mais fácil, em princípio, tentar enganar o povo e jogá-lo contra a FIFA do que apresentar uma proposta decente, que demorou a sair. E aí vai uma verdade que se pode constatar em qualquer lugar desenvolvido onde o futebol é tratado com seriedade: o Morumbi é uma charrete, e o Maracanã um fusca gigante! Até Wembley já foi para o chão!!!

Resta agora que a organização dos Jogos Olímpicos não incorra nos mesmos erros e dê ao Brasil muito mais do que pão e circo.

domingo, 13 de setembro de 2009

Um fenômeno desconhecido


Já ouvi de algumas pessoas que estão entre as melhores naquilo que fazem, seja pessoalmente ou em entrevistas, que manter-se no topo é muito mais difícil do que chegar até lá. Também já vi muitas chegarem ao topo e, por um motivo ou por outro, de lá saírem mais rápido do que entraram. Esta situação é bastante comum, principalmente no esporte, e qualquer um de nós pode enumerar pelo menos dez casos destes sem grande exercício de memória. Mas hoje eu quero falar de alguém que chegou ao topo e nele se mantém há nada menos que dezessete temporadas.

Rubens Barrichello é um nome que sempre causa bastante discussão em um país onde ao lado de 170 milhões de treinadores de futebol há o mesmo número de comentaristas de Fórmula 1, credenciados, é claro, por oito títulos mundiais conquistados por Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e pelo grande mito Ayrton Senna. Eu, como um entre tantos “comentaristas”, e que me desculpem Lito Cavalcanti, Reginaldo Leme, Claudio Carsughi, Téo José entre outros, também estou aqui para dar o meu pitaco. Mas quero falar um pouco sobre este piloto que foi duas vezes vice-campeão correndo ao lado do maior de todos em números, Michael Schumacher, não pelo brilhante fim de semana na Itália, nem pelo brilhante fim de semana na Espanha, ou talvez pelo bom fim de semana na Bélgica. Eu quero voltar um pouco mais no tempo.

Acho importante lembrar do Rubens de 6 anos de idade que ganhou seu primeiro kart do avô, e só conseguiu apoio de seu pai após as três primeiras corridas, que lhe renderam um treceiro lugar, um segundo, e sua primeira vitória, respectivamente. Ali o Rubão viu que seu moleque levava jeito pra coisa. E foram nada menos que 8 temporadas com cinco conquistas nacionais e três vice-campeonatos. Nada mal para um garoto com condições financeiras abaixo da média dos concorrentes.

Em 1989, aos 16 anos, sua família deu um jeito de comprar um Fórmula Ford para ele correr no Brasil. O carro era usado e um tanto despretensioso, mas o destino se encarregou de dar uma forcinha e a transportadora oficial deixou seu monoposto cair do caminhão. O resultado foi um carro novinho em folha para o jovem Rubens. Ele retribuiu o presente do destino com uma vitória em sua primeira corrida na categoria e o terceiro lugar no campeonato.

Sua performance, usando um termo que está na moda, diferenciada, rendeu-lhe a oportunidade de se mudar para a Europa, onde disputou o Campeonato Europeu de Fórmula Opel. Mas as coisas ainda eram difíceis e as condições só permitiam que ele fosse sozinho desbravar um novo mundo, o velho mundo. Neste ano, 1990, aprendeu a falar italiano, foi campeão, mas dormia na garagem da equipe com um cachorro e só podia guiar porque usava a carteira do seu pai, que além de se parecer muito com ele, tem o mesmo nome e também nasceu no dia 23 de maio. E há quem chame isto de coincidência.

No ano seguinte mudou-se para a Inglaterra, onde defendeu a equipe West Surrey Racing, na Fórmula 3. Sem conhecer o idioma, seu melhor amigo era um surdo-mudo, que devia saber muito bem pelo que ele estava passando. E mais uma vez ele foi campeão estreando em uma nova categoria. Desta vez o mais jovem até então.

Em 1992 disputou o Campeonato Europeu de Fórmula 3000, que era a principal porta de entrada para seu principal sonho, a Fórmula 1. De volta à Itália e finalmente morando bem, Barrichello não contava com um carro dos mais competitivos, mas o terceiro lugar no campeonato, aliado a todo o seu histórico, abriu os olhos das equipes da principal categoria do automobilismo para aquele paulistano torcedor do Corinthians.

Em 1993, estreando pela Jordan-Hart, ele estabeleceu quatro objetivos para sua carreira: 1º - conquistar pontos; 2º - chegar ao pódio; 3º - vencer uma corrida; 4º - ser campeão mundial de Fórmula 1.

O primeiro objetivo conquistou ainda na primeira temporada, no Japão, com dois pontos. Antes disso, porém esteve muito perto de um feito extraordinário, quando no GP da Europa, em Donington Park, na Inglaterra, mesma prova em que Ayrton Senna fez a primeira volta mais espetacular que já vi e chegou a dar uma volta no segundo colocado Damon Hill, Barrichello estava em segundo e quase conquistou seus dois primeiros objetivos na Fórmula 1 em uma só corrida, mas o carro não aguentou. (vale a pena ver a volta do Senna http://www.youtube.com/watch?v=1BzSSfJ7Gpw)

O pódio chegou em abril de 1994, pouco antes de sofrer o pior acidente e a maior perda de sua vida no mesmo fim de semana, em San Marino. Seu acidente brutal no treino de sexta-feira e a morte de Roland Ratzenberger na classificação do sábado (http://www.youtube.com/watch?v=yip0UwGCGIk) foram o início de três dias que ficarão marcados na história do automobilismo e do esporte brasileiro, pois culminaram com o desaparecimento do maior gênio que o esporte brasileiro já produziu, Ayrton Senna.

Considerado um dos mais promissores pilotos de sua geração, em 2000 Rubinho foi para a Ferrari, onde ficou por seis temporadas, sendo o segundo colocado na classificação geral por duas vezes, em 2002 e 2004. Lá também conquistou 9 vitórias, 25 segundos lugares e 21 terceiros.

Em 2005 decidiu buscar novos ares, onde pudesse ao menos lutar por seu quarto e último grande objetivo na Fórmula 1. Hoje está com 37 anos de idade e mais competitivo do que nunca, brigando realmente pelo título mundial. Corre por amor, não precisa do dinheiro e não precisa da fama, mas se submete à dura vida de piloto de corrida por acreditar em si e para seguir em busca de seus sonhos.

Claro que uma carreira não é feita apenas de brilhantismo, e os erros a mais de 300km/h aparecem muito mais do que em um escritório ou um estúdio com ar-condicionado. Os erros fazem parte da vida dos Rubens, dos Denis, dos Carlos, das Andréas, das Márcias e até dos Ayrtons, mas a virtude está em aprender e dar a volta por cima, como muito bem está fazendo o Barrichello, com ou sem título.

Minha torcida segue com ele, e também aposto minhas fichas...

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O papel social do esporte


Em uma sociedade moderna e globalizada onde as diferenças culturais e sociais são alvo de atenção de governantes e população em geral, cada vez mais a inclusão se faz necessária, não apenas por uma questão humanitária, mas até para o bom funcionamento de sistemas que buscam de alguma forma promover o bem comum.

Obviamente o mundo ideal é cada vez mais utópico e enquanto muitos se beneficiam da sensível diminuição de distâncias, que promove o conhecimento e a experimentação de estilos de vida que pareciam praticamente intangíveis há alguns anos, outros ainda sofrem com a falta de condições básicas para uma vida digna, e este fenômeno, ao contrário do que pode parecer, não se restringe a países pobres ou em desenvolvimento, como os da América Latina, África, Ásia e Leste Europeu.

Não é possível imaginar os países mais desenvolvidos como se fossem ilhas da fantasia, onde não há espaço para problemas sociais, que não passariam de manchetes de páginas internacionais de jornais e de grandes canais internacionais de notícias. As dificuldades, por algum motivo, estão lá também. Fazem parte de bairros pobres dos países ricos e dos lugares menos visíveis a turistas, muitas vezes de países como o Brasil, que visitam lugares onde acreditam haver apenas prosperidade.

Uma notícia que me atraiu a atenção nesta quinta-feira foi a visita do piloto britânico Lewis Hamilton à Copa do Mundo dos sem-teto, em Milão. Na foto acima ele aparece rodeado de competidores que, em sua essência, já são grandes vencedores por estarem participando deste evento. E quando se fala em uma competição como esta, normalmente o que vem à mente é que se trata prioritariamente de jogadores originários de países nos quais o desenvolvimento é precário e as condições de vida injustas com a maioria da população.

O fato é que eu assisti, recentemente, a algumas partidas da “Homeless Dutch Cup”, que nada mais é do que a versão holandesa do futebol dos sem-teto, que aconteceu em Amsterdam, no mês de agosto. Ali, como já relatei no próprio blog durante a viagem, foi possível constatar que mesmo em um país pequeno e rico, que transpira futebol por todos os poros, há um verdadeiro abismo entre as classes mais pobres e a classe média.

O que me impressionou, de fato, foi a estrutura montada para o evento. Uma arena em uma das praças mais movimentadas da cidade, aberta ao público, com camarote para convidados especiais e ampla cobertura da imprensa. Também havia patrocínio de grandes empresas ligadas ao esporte, como a NIKE. Tudo favorecia o comparecimento do público, e como se trata de um evento com bom planejamento e execução, o sucesso estava garantido antes mesmo de a bola rolar. Durante as partidas era evidente o orgulho de todos os participantes, que jogavam duro, mas com lealdade. Ao fim dos jogos sempre havia uma foto coletiva entre os adversários e o reconhecimento dos torcedores quando os participantes saiam da quadra. É claro que um evento como este, além de arrecadar fundos com patrocínios e venda de material de merchandising, também alertava para o desafio social e melhorava a auto-estima daqueles que nem ao menos têm onde morar, mas que naquele momento eram verdadeiros astros.

Pude também conhecer melhor o projeto social do jogador Edgar Davids, que não se distanciou de suas origens e ajuda centenas de garotos que estão em busca de um futuro melhor. E como ele faz isto? Com esporte, claro! São jovens que desenvolvem suas habilidades por meio do street soccer e, ainda que não se tornem campeões, aprendem a lidar com disciplina, respeito ao próximo e, principalmente, percebem que cada um impõe seus próprios limites, e por isso todos são capazes de chegar ainda mais longe. O melhor de tudo isso é que a estrutura para um projeto como este é bastante simples e de baixíssimo custo. Apesar de possuírem os recursos para melhorar a vida das pessoas com altos investimentos, lá eles preferem usar a criatividade e desenhar projetos altamente aderentes a comunidades menos abastadas e até a países como o Brasil e tantos outros.

Trata-se apenas de uma bola, um tênis, um professor e muita vontade de jogar. É lógico que existe toda uma metodologia envolvida, mas esta também está disponível. Empresas como Burger King e Red Bull investem, favorecendo ainda mais o sucesso, mas ainda para elas os valores envolvidos e o retorno são bastante convidativos.

Os atletas renomados entram com sua imagem e todo o resto funciona com profissionais comprometidos que vêem em ações como esta uma oportunidade de fazer do mundo um lugar um pouco melhor para se viver. Isto acontece em países ricos da Europa e nós nem ao menos sabemos. Hoje, milhares de pessoas tomaram conhecimento do futebol para sem-teto por conta do Lewis Hamilton. A pergunta que fica é quantos projetos como este existem no Brasil e são tocados por anônimos, que se sacrificam para dar a outras pessoas uma chance que muitas vezes não tiveram. Certamente não são poucos.

Sei que existe um projeto muito legal de boxe no Vidigal, Rio de Janeiro. Também sei que há muitos relacionados a futebol nos mais diversos cantos do Brasil. Todos dão oportunidades a quem talvez não viria a ter outra em toda a sua vida, e mais que formar atletas, eles formam cidadãos que se distanciam da criminalidade.

Indo para outro lado, tive o imenso prazer de conhecer, em 2008, por meio do querido Bebeto, campeão mundial de futebol pela Seleção Brasileira, em 1994, o Instituto Bola Pra Frente (http://www.bolaprafrente.org.br/), para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Trata-se de uma estrutura de mais de 11.000m2 no bairro de Guadalupe, Rio de Janeiro, que na época tinha 998 assistidos. Eram jovens que tinham reforço escolar, atividades físicas e alimentação durante o período em que não estavam na escola. É claro que o rendimento na sala de aula e o comportamento em casa melhorou muito para todos eles.

E tudo nasceu com Jorginho, atualmente auxiliar do Dunga na Seleção, que em sua juventude humilde morava em um prédio vizinho ao local onde hoje é o instituto, e certo dia sonhou que sonhou que ali era a Disney. Ele venceu na vida e realizou seu sonho. Não fez a Disney, mas fez muito mais pelas crianças de um dos lugares onde a Cidade Maravilhosa é apenas uma foto no cartão postal. Ali crianças comuns ganham novas oportunidades e ainda podem saborear um delicioso almoço ao lado de verdadeiros ícones do esporte e da vida, que aumentam ainda mais a esperança de dias melhores.

Estes são alguns exemplos de como o esporte pode fazer do mundo um lugar melhor, e não apenas para aqueles que ganham algum ou muito dinheiro com ele, mas também para aqueles que aprendem com ele o valor que tem o respeito, a disciplina, o companheirismo e a força de vontade.

E a dúvida que fica é com relação ao quanto fazemos de fato para que a sociedade seja cada vez mais justa. Não de uma maneira fantasiosa, mas dentro das possibilidades que cada um de nós. Hoje certamente eu vou dormir com essa na cabeça...

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Injuriado


Para não passar o dia em branco decidi postar para os amigos uma letra curtinha do mestre Chico Buarque, que se aplica em vários momentos da vida de todos nós.


Injuriado

(Chico Buarque)


Se eu só lhe fizesse o bem

Talvez fosse um vício a mais

Você me teria desprezo por fim

Porém não fui tão imprudente

E agora não há francamente

Motivo pra você me injuriar assim


Dinheiro não lhe emprestei

Favores nunca lhe fiz

Não alimentei o seu gênio ruim

Você nada está me devendo

Por isso, meu bem, não entendo

Porque anda agora falando de mim

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

A indústria da desinformação no esporte – Parte I



Quando me propus a manter um blog, a intenção não era outra senão falar aos meus amigos sobre o outro lado do esporte e as experiências que ele proporciona a quem trabalha com ele e não é atleta ou profissional de educação física, focando sempre no lado positivo. Acontece que há ocasiões em que se torna impossível não falar sobre o lado negativo. Obviamente sempre há problemas como em qualquer atividade, mas estas de tão comuns a todos os profissionais não merecem destaque. O fato é que o esporte sofre com outras mazelas que lhe são peculiares, e estas são interessantes, sim, para quem é de fora.

A ligação entre o esporte, seu desenvolvimento, manutenção e os meios de comunicação é evidente para qualquer profissional que viva direta ou indiretamente desta atividade, e não menos clara para o público em geral, que se identifica com clubes, atletas, patrocinadores e até com os veículos os divulgam.

Até este ponto não há qualquer novidade, mas por trás de tudo isso muitas vezes a verdade se torna bastante turva para o público, que sofre com desinformação e incoerências constantes, principalmente daqueles que deveriam servir como suporte para seu crescimento.

Falando sobre obstáculos que fazem parte do cotidiano de quem trabalha com marketing esportivo e comunicação, não posso parar de pensar em um que por vezes quase me tira do sério. É o clássico comportamento que ainda não sei se é desalinhado ou hipócrita de alguns veículos que cobrem o esporte e são responsáveis por grande parte do conhecimento do público.

Como pode uma TV, por exemplo, levar atletas aos seus programas e lembrar empresários, no ar, sobre a importância do patrocínio se estes mesmos programas impedem seus convidados de participarem com roupas ou uniformes que remetam ao clube ou aos patrocinadores que os mantêm?

Um exemplo com o qual convivo diariamente é o de TVs que querem a qualquer custo usar um jogador como o Falcão para aumentar sua audiência, mas negam-se a dar crédito às empresas que possibilitam que ele permaneça no Brasil. Se não fossem Malwee, Banco do Brasil e Umbro, entre outras, provavelmente ele não estaria mais aqui para dar audiência a TVs a cabo que transmitem seus jogos quase que semanalmente e a TVs abertas que descobriram no futsal, e muitas vezes mais ainda na figura do próprio Falcão, uma importante ferramenta para garantir bons números em manhãs de domingo. Será que meu raciocínio até agora vem sendo absurdo?

E se começássemos a chamar o time do Corinthians de São Paulo só porque ele é sediado na Zona Leste da capital paulista? Isso soa absurdo? Podemos também pensar na Portuguesa Santista sendo chamada de Santos, já que é daquela cidade. Eu acho que seria bem interessante um jogo entre São Paulo X São Paulo e Santos X Santos. Mas daria mais confusão quando jogassem Corinthians e Portuguesa Santista, porque este jogo seria anunciado como São Paulo X Santos, sem que ao menos um dos dois estivesse em campo. Papo de louco? Isso acontece!

Enquanto uma empresa como a Malwee Malhas, maior do Brasil em seu segmento, investe pesado para mobilizar uma cidade, um estado e um país em benefício de um esporte que não é o rico futebol, há veículos que se negam a mencionar o nome correto de sua equipe, Malwee Futsal, para chamá-la de Jaraguá. E por que não pensar também em sua maior rival, Krona Futsal, que ainda é chamada de Joinville, mesmo depois de mudanças de gestão, de uniforme e tudo mais? Isto sem citar as equipes de vôlei, que passam pelo mesmo problema. O investimento e gestão de equipes esportivas por empresas que também dão a elas seu nome é uma realidade em todo o mundo. Por que aqui tem que ser diferente?

Mas o mais interessante é que quando um time como o Interviù Fadesa, da Espanha, ganha o Campeonato Mundial de Clubes de futsal, seu nome é cantado aos quatro ventos no Brasil, obviamente impulsionado pela ignorância de repórteres e editores, que desconhecem o fato de o Interviù ser uma revista que mantém o time de futsal, o que me faz crer que muitos veículos no Brasil preferem enaltecer o concorrente espanhol a citar o nome de quem é responsável pelo crescimento do esporte em seu próprio país. Ou deveriam chamá-lo de Alcalá de Henares.

Eu vejo toda esta situação com grande tristeza, mas acredito em um futuro melhor para o esporte. Acredito que a audiência aos poucos vai percebendo isto e migrando para veículos que não testam sua inteligência de forma grosseira e promovem desinformação. Ora, se não que falar da Red Bull Racing, para que transmitir Fórmula 1?

Também tenho experimentado o poder da segmentação. Esta tendência, que cada vez mais vem fazendo a cabeça dos profissionais de marketing, é uma forma direta e muito efetiva de comunicação. Tem que ser trabalhada de forma bastante criteriosa e eu diria que é o oposto da “mídia da mãe”. Em veículos segmentados normalmente a seriedade e a profundidade é muito maior. Também tem a relação custo x benefício que, sem dúvida, é muito interessante.

Infelizmente, para quem tem menos conhecimento, e muitas vezes pode ser alguém que tenha poder de decisão em clubes e empresas patrocinadoras, ainda impressiona um programa vespertino dominical, mesmo que todo o seu público alvo esteja na praia esta hora. Mas esta é só mais uma luta que tem que ser travada, entre tantas que devem ser vencidas, para que os profissionais de esporte sejam finalmente reconhecidos e tratados realmente como profissionais.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

No esporte como na vida


Bom, ao contrário do que eu acreditava, passei o último fim de semana em São Paulo. Claro que isto sempre me agrada, ainda mais com o aniversário da minha sobrinha Julia, ao qual não iria de acordo com minha programação inicial. O fato é que só vim a Sampa porque caí da viagem a Marechal Rondon, no interior do Paraná, onde o Malwee Futsal (sim, aqui no meu blog eu me permito usar o artigo definido, masculino, singular, para falar sobre “o” time) joga nesta segunda, às 19h15, com o Copagril, com transmissão do SporTV. Longe de me empolgar com a viagem, como quem me conhece entenderá sem grande esforço, mas de 24 ser o primeiro a cair quando só podem ir 23 para mim é sintomático...

De qualquer forma eu tenho considerado estes dias muito interessantes no esporte. O velho e bom Juve ganhou mais uma, desta vez uma pedreira fora de casa contra o Hercílio Luz, e segue consistente rumo ao acesso no Catarinense. Mais uma vez acho que o grande mérito fica por conta do treinador Pingo (aquele mesmo que jogou no Timão no fim dos anos 90, ganhando vários títulos), que tem sido muito feliz em suas ações e mostra cada vez mais ter o grupo na mão.

Mas o que eu achei demais foi a Formula 1. Em uma corrida onde a única coisa óbvia foi a falta de sorte do Rubinho, mais uma vez eu vi a vida retratada no asfalto, agora em Spa-Francorchamps, Bélgica. Quem poderia imaginar na sexta-feira que Raikkonen e Fisico seriam os dois primeiros? E ainda quase deu para o Fisichella ganhar, mas ele vacilou na relargada. Teve tudo para ser uma das maiores surpresas da F1, e de qualquer forma foi chegando em 2º com um carro que até então sequer havia pontuado em 11 corridas. É aquela tênue linha que divide o céu e o inferno mais uma vez se mostrando.

E o Nelsinho??? Estão investigando se ele bateu de propósito! Eu nunca vi uma coisa dessa. E se ele fez mesmo, foi perfeito. Garantiu a vitória do Alonso, seu companheiro de equipe. Ah, e tirou o título do Massa. Batidas propositais já aconteceram entre pilotos, mas contra o muro é uma ousadia inédita e, cá entre nós, estupida demais. Estão dizendo que o cara bateu o carro no muro a sei lá, uns 200km/h para ajudar o outro!!!
Quem não se lembra de Prost acertando Senna propositalmente em 1989 para garantir seu campeonato? Mas aquela ainda era a fase romântica, e Senna deu o troco no ano seguinte. Dois gênios chegando ao extremo por vontade própria e se resolvendo na pista. Schumacher, em 1994, praticamente escalou a Willians do britânico Damon Hill para garantir o título em uma corrida em que mais parecia o Dick Vigarista, e olha que para mim ele é o maior de todos os tempos. E qual carro Michael guiava? A Benetton de Flavio Briatori!

Onde está o limite entre o correto e o incorreto? Quando temos que nos voltar contra quem comanda? Pelo que sei até no exército uma ordem absurda não deve ser obedecida. Claro que é muito cedo para se falar qualquer coisa, e eu prefiro acreditar que ele não tenha feito isso até que se prove o contrário, mas se fez e, principalmente, não abriu a boca em todos estes meses, acho que passa a mostrar alguma fraqueza ainda maior, de caráter.

Afinal de contas, até onde podemos ir para alcançarmos nossos objetivos? Eu continuo preferindo ser o otário a ser o esperto. E cada vez mais eu não aguento ver gente se beneficiando da posição que tem em detrimento do bem comum. É o esporte mais uma vez se mostrando reflexo da vida.

Como Ron Dennis e Briatori vimos muitos a cada dia. Seus comandados que dão a cara para bater, assim como no mundo corporativo, muitas vezes não acreditam no que fazem. É como almoçar com executivos de uma companhia de tabaco e, quando perguntados se são fumantes para a escolha do lugar, ouvir os caras responderem “simpatizantes”. O que é isso???? Quem simpatiza com cigarros???? E eu não estou brincando. Já vi isso!

Pois é. Cada vez mais as pessoas se sujeitam a atitudes pouco honradas para viver bem. Como se viver bem fosse uma mera questão financeira. Mas tudo bem....

Enquanto o mundo exterior vai cada vez mais causando espanto, que pelo menos dentro das pistas, campos, quadras, piscinas e qualquer local de competição a emoção sempre seja a grande vencedora no esporte. E algo me diz que para melhorar o meu humor os gênios Falcão e Lenísio vão tirar algum coelho da cartola hoje e me fazer lembrar de tudo aquilo que faz do esporte algo tão especial, pelo menos para mim...

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Mais do mesmo


Pensando na naturaza humana em um dia em que os contratempos vieram em número exagerado e intensidade potencializada em uma grande espiral, preferi emudecer e lembrar aos amigos um texto espetacular de Augusto dos Anjos. Acho que com o passar do tempo ele foi utilizado de forma inadvertida e até se tornou um pouco clichê, mas é perfeito para hoje.

Quando o li pela primeira vez, acho que na sétima série, nas aulas da Professora Iraí, a mesma para quem apresentei um trabalho sobre a história do rock, que também foi quem agraciou a turma passando "Hair" na aula, achei o texto exageradamente pessimista. Quase vinte anos depois acho mais atual e verdadeiro do que nunca. Aproveite:

Versos Íntimos
Augusto dos Anjos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Quando chegamos ao Km mais difícil


Pois é, a vida segue seu rumo por caminhos que nem sempre podemos entender.


Depois daquele último dia em Amsterdam, que a Débora descreveu como perfeito e eu concordei plenamente, voltei ao Brasil. Mal deu tempo de ver o pessoal em SP eu já tive que voltar a Jaraguá do Sul onde um montão de trabalho me esperava. No esporte a sorte não esteve muito do nosso lado, com o Juve empatando um jogo e perdendo outro, e a Malwee perdendo em casa para a Krona. Mas tudo isso é normal e faz parte do esporte.


O triste mesmo ficou por conta do Roberto, meu grande amigo que sofreu a perda inestimável de sua mãe ontem. Recebi sua ligação quando já estava em trânsito para a Serra Gaúcha e fiquei completamente vendido. Sem poder ir a SP a tempo de estar com ele neste que deve ser o momento mais difícil de sua vida e sem ao menos poder dizer alguma coisa que pudesse chegar perto de consolar o inconsolável. Este é mais um daqueles momentos em que me pego pensando o que eu to fazendo da vida. Longe da família, longe dos amigos...


Mas eu acho que seria legal lembrar de uma passagem muito bacana que tive com o Roberto. Na verdade foram muitas, mas esta com certeza ficou marcada para nós dois. Em 2007 estavamos no pique de correr bastante. Fazíamos provas, treinávamos e nos divertíamos bastante praticando este esporte que te leva de nada a lugar nenhum, mas que mesmo assim gostamos tanto.


Então no mês de junho decidimos correr um trecho da Maratona de São Paulo. Havia possibilidade de fazer 10km, 21km ou 42,195km. Ele passou lá em casa, deixou o carro na frente do prédio e fomos à pé ao Ibira. No caminho paramos na padaria para um café bem saudável, que se resumiu a um queijo quente e uma Coca-Cola cada um.


Saímos de lá dispostos a correr 10km, quiçá 21km. Obviamente não tínhamos inscrição. Então nos enfiamos ali na muvuca e largamos com a massa. Fomos correndo até que chegamos à primeira decisão. Se quiséssemos correr apenas 10km teríamos que virar à esquerda, caso contrário deveríamos ir reto. Fomos reto para tentar 15km ou 21km.


Continuamos muito bem, tranquilamente, por mais uns bons minutos, até que a segunda decisão teve que ser tomada. 21km ou vamos para os 42km? Então o japa solta: "Até o chão!", e assim fomos. A intenção não era completar a maratona, mas como ele bem resumiu, ir até onde desse.


Fomos bem até a Cidade Universitária. Ali eu sabia que era o trecho crítico, pelo que havia ouvido muitos colegas de corrida relatarem. E conosco não foi diferente. Parece que fomos derretendo lá dentro. E num dado momento pensamos em colocar objetivos menores que os 42,195km, mas mesmo sem falarmos qualquer coisa, era para isto que estávamos ali. Estávamos correndo a maratona, e desistir seria muito ruim para qualquer um de nós.


Continuamos com o cansaço cada vez maior e as dores começando a aparecer. A saída da Cidade Universitária e finalmente os túneis. Ali foi onde a dificuldade bateu mais forte. Parecia que os túneis com iluminação precária sugavam a energia de quem se atrevia a chegar até lá. Na Juscelino também não foi moleza, mas conforme nos aproximávamos do parque e do final da prova uma força maior parecia que ia tomando conta de tudo. Era quase como colocar no piloto automático. E quando saimos do último túnel, cerca de 1km antesa da chegada, parecia que estávamos completamente descansados. Acho que foi uma mistura de endorfina com adrenalina e talvez até a cafeína da Coca-Cola, mas ali acho que todas as "inas" do bem foram produzidas em larga escala para transformar aquele último quilômetro em pura satisfação. Demos até sprint na reta final...


Ali, com aquele arrepio de missão cumprida, que por vezes quase se transforma em lágrimas de alegria por conquistar um objetivo tão difícil, o Roberto aprendeu uma lição que eu havia aprendido 8 anos antes. Quem completa uma maratona pode conseguir qualquer coisa na vida.
E eu espero que mesmo estando ausente neste momento de intensa dor ele possa tirar daquele momento que passamos juntos um pouquinho de força, não para superar uma dor que nunca passa, mas para simplesmente seguir em frente...

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

1-day tourism


Bom, hoje é o meu último dia em Amsterdam, e o primeiro desde que cheguei a Europa em que realmente não tenho compromissos. Isto significa uma coisa muito simples: é minha última oportunidade para fazer alguma coisa realmente turística.


Claro que comecei o dia atrasado. Meu plano era dormir cedo ontem e acordar hoje por volta das 8h00 para tomar café no hotel e ir direto ao Heineken Experience, seguido do Van Gogh Museum. A primeire parte do plano, que era dormir cedo, eu cumpri com louvor. Acho que antes da meia-noite já estava dormindo como uma pedra. O problema foi acordar....rs


Acordei às 9h00, escrevi 2 textos, tomei banho e perdi o café. Fui direto ao centro, na Heineken. Sem comer nada, fui obrigado a tomar 3 Heinekens estupidamente geladas (pelo menos pro padrão holandês). Claro que isso deu aquela pressãozinha no cérebro, mas tudo bem...rs


Saindo da Heineken eu fui ao Van Gogh. Café da manhã/almoço foi um "american hot dog" que comprei na barraca de um italiano. Apesar das sérias restrições orçamentárias achei que a ocasião merecia um audio guide, que me custou 4,00 a mais. A entrada 12,50. Lá dentro é sem comentários, mais um destes museus europeus que você fica sem palavras. Logo de cara o segundo quadro é o auto-retrato mais famoso dele. Daí já dá pra sentir o que vem pela frente. No total acabei ficando umas 3 horas no museu. Não é muito mas deu pra ver legal o acervo e ainda a exposição Avant Gardes. Desta exposição comprei um pôster que eu espero que a Camila goste o suficiente para decorar nosso ap novo. Ali também comprei 2 ímãs de geladeira de duas telas diferentes do Van Gogh.


Saí renovado do museu, e com as costas doendo, como sempre. Parecia que via cores diferentes pela cidade enquanto caminhava no sentido do centro. As cores estavam realmente mais vivas. Em parte pelo sol, que finalmente apareceu depois de uma manhã cinza, mas em grande parte pelas cores que eu acabara de descobrir em centenas de obras, que começam escuras, com um ar taciturno, e terminam em cores vibrantes e perfeitamente harmonisas, mesmo quando se trata de combinar azul e laranja.


Vi um café charmosinho em uma esquina e resolvi parar. Aproveitei para utilizar o conhecimento recentemente adquirido no blog da Ju e pedi um "short black", que a simpática chinesa confirmou perguntando: "Expresso?"


Também pedi uma água e fiquei ali na esquina vendo o movimento e tomando um cafezinho com água. Também há de se reconhecer que o biscoitinho que veio com o café era brincadeira. Dali continuei o caminho ao centro, onde meu único objetivo era comprar o presente de aniversário da Dri. É, não comprei lembrança pra ninguém. Adoraria, mas vai ter que ficar para uma próxima. De qualquer forma, conforme prometido comprei o presente de aniversário da Dri e voltei ao hotel.


Já estou com aquela inquietude tão característica de fim de viagem, que também é conhecida como vontade de chegar logo em casa. Minha internet que tinha validade de 7 dias não tem mais que uma hora de validade, e minha última incursão será ir à casa dos amigos da Camila que moram aqui em Amsterdam. Ainda tenho que comprar alguma coisa para levar, mas não sei o que e nem onde encontrar, o que significa que deve terminar com o tradicional pack de 6 da velha e boa loira da garrafa verde, que me acompanha onde quer que eu esteja. Seja em Jaraguá do Sul ou em Amsterdam....


Ah, só duas coisas. Hoje pensei bastante no Chico Buarque. A última parte do tour da Heineken é um bar muito legal, cercado de telas que passam imagens de países onde há Heineken, e um deles obviamente é o Brasil. Então vai passando imagens de Moscou, Paris, Amsterdam, Londres, NYC, e assim vai. Quando começa a passar o Rio de Janeiro e ele toma todo o ambiente em 360º o lugar meio que para e realmente, como ele diz "quase arromba a retina de quem vê". A segunda lembrança dele foi agora, porque realmente "Bye, bye, Brasil. A última ficha caiu...."

quarta-feira, 12 de agosto de 2009


Bom, hoje foi a entrevista com o Edgar Davids. Marcamos tudo certinho no Playground Edgar Davids, que na verdade é uma praça bem grande e enquanto metade dela é um parquinho a outra metade é uma quadra de futsal de 40 xn 20 com duas quadras de basquete na perpendicular. Muito legal, um lugar para diversão bastante urbano.
Lá havia um monte de garotos brincando, mas por sorte ninguém jogando bola. Marcamos a entrevista para as 10h, mas chegamos às 9h20 para arrumar tudo. Claro que estava fácil demais, e começou a chover. Corremos atrás de um restaurante onde poderia acontecer a entrevista, mas ele estava fechado. Então a Maikka (repórter holandesa) descolou um lugar legal. Era um escritório gigante e todo de vidro num prédio ali na praça, mas o Kotaro (diretor japonês) conversou com o câmera e o técnico de som (alemães) por sinais e decidiu tentar ali mesmo, com uma garoa. Como jogador que é jogador nunca chega na hora, o Edgar se atrasou uns 30 minutos.
A entrevista em si transcorreu bem, mas foi pouco empolgante. Apesar de não entender, já que estava rolando em holandês, ficava claro pelos gestos contidos e a expressão pouco empolgada que ele não estava com muito tesão, mas tudo bem. Conversando com a empresária dele depois, quando íamos a outra reunião, ela me disse que perguntaram sobre o cabelo dele (essa eu tinha entendido), sobre a altura dele, e insistiram pra ele levar os goggles (famoso óculos que ele usava para jogar). Como já era de se esperar ele não levou os óculos, mas respondeu a todas as perguntas com boa vontade e um sorriso, até quando queria mandar todos à merda...rs
No fim eu fiz uma coisa que nunca faço, mas dei uma camiseta do Ajax pra ele assinar para mim. O Falcão me pediu uma da Holanda, que também foi assinada e acredito que vai para o F12 Lounge Bar.
Agora são quase 15h00 e eu vou almoçar e ver se consigo aproveitar a tarde livre aqui lendo um bom livro em algum lugar lá pelo centro.
O jogo entre Holanda X Inglaterra acho que não vou conseguir assistir. Eu pedi o ingresso ontem e estão tentando conseguir pra mim, mas nestes camarotes normalmente quando um não vai já tem uma fila enorme pra entrar, e eu cheguei hoje, o que me leva a crer que vou ver pela TV. De qualquer forma nunca se sabe, né....

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Mitos de uma cidade fascinante


Ok, com alguns dias de atraso, vamos aos mitos de Amsterdam.

Claro que são muitos e como o objetivo desta minha estada está longe de ser turístico, só deu pra caçar alguns mitos, mas vamos lá:

Red Light Street – FALSO!
Não é Street, é District! Ou seja, a rua na verdade é todo um distrito. Você chega pela rua principal, que é a do canal, e fica surpreso. Um monte de mulheres atrás de um vidro com uma cortina. Elas não ficam nuas. O fulano chega, gosta, ela abre o vidro e acerta o preço, o cara entra, ela fecha a cortina e a ação ocorre ali mesmo, com a cortina fechada e um sonzinho ligado. Na verdade o “aquário” tem uma cama de solteiro.

São várias ruas onde tudo acontece. Você pode escolher entre loiras, morenas, ruivas, asiáticas, negras, magras, gordinhas, gordonas, brancas, negras, mais safadas, mais recatadas (!), brasileiras (tem um montão), italianas, latinas, e até pode encontrar recheio no pastel, se não tomar cuidado...

Mas na verdade o lugar é um ponto turístico muito legal, e ao contrário do que possa parecer é frequentado por todo tipo de gente, inclusive os que não estão ali para sexo. Tem muitos casais, pessoas de mais idade, meninas, todo mundo passa por lá pelo menos uma vez....rs

Coffee Shops – VERDADEIRO!
Pois é, este não é um mito, é verdade mesmo. O cara pode entrar lá, escolher entre as “soft drugs” que são liberadas em todos os lugares, e acender ali mesmo, ou ir para casa fumando sem o menor problema. Uma coisa que achei interessante é que os coffee shops não vendem bebidas alcoólicas, e em muitos não se pode nem fumar alguma coisa que não seja “soft drug”. Isso mesmo, o cara vai a um lugar e pode fumar maconha, mas não pode fumar cigarros. E em nenhum dos casos pode beber.

Tem um cara que fez um esquema interessante, acho que pra burlar. Ele tem o coffee shop e ao lado tem o club. É este da foto do post passado. No coffee shop ele vende as drogas e no club vende cerveja, então o cara compra o baseado dele ali e vai para o vizinho fumar bebendo uma cerveja. Mas os caras são cara de pau mesmo e acabam vendendo cerveja no coffee shop. Por mais liberdade que se tenha sempre tem alguém que se dá bem em cima dos outros, né....

O fato é que aqui o cara fuma mesmo, na caruda. Perguntei a um cara o que o povo daqui pensa disso. Ele disse que segundo estudo 60% da população consome as soft drugs. E que mesmo o pessoal mais janotinha que se vê na rua consome. Mas em outras cidades menores isso é muito mal visto.

Um dos poucos lugares onde pode ser que a polícia peça para você apagar o seu bazoo é no Red Light District. Lá parece que é um pouco mais restrito para evitar problemas, mas também não é nada que te coloque na cadeia. O máximo que você vai ouvir é um “você poderia apagar seu cigarro, senhor?”

De qualquer maneira, mesmo estando aqui há 7 dias eu ainda não consigo achar isso muito normal, mas é impressionante o respeito que existe desde que haja ordem. Você vê o cara chapadão na rua mas sabe que ele não vai te fazer nenhum mal. Acredito que isso porque o consumo destas drogas não esteja de qualquer maneira vinculado ao crime. É como uma cerveja, de verdade. O cara trabalha, compra, usa, o cara que vendeu também está trabalhando e assim caminha a humanidade....

Sexo no parque – VERDADEIRO!
Sim, aqui as pessoas podem expressar todo o seu amor atrás da moita, literalmente. Nos parques você encontra uns caminhos com arbustos dos dois lados. Entrando neles você vai perceber que tem umas áreas que os arbustos ficam fechados, mas na verdade sempre tem uma entradinha e no meio não tem nada. É ali que o amor acontece. De qualquer forma o fulano tem suas regras básicas. Tem que sem escondidinho no mato e não pode fazer barulho.

Também acho que não seja nenhum absurdo o cara se esconder e não fazer escândalo. Estes parque, além do sexo, tem de tudo. Muita gente sentada à beira dos lagos conversando, fazendo pique-nique, dormindo, ou simplesmente contemplando a natureza. Tem muitos músicos tocando, aliás tocando bem. Tem uns violinistas, saxofonistas, e por aí vai. Sempre vale a pena parar para ouvir um pouco, mas sempre paro meio longe pra não ter que dar dinheiro....rs

E para quem acha que o Brasil não está representado aqui, assim como em qualquer cidade turística da Europa, os velhos e bons capoeiristas aqui estão. Ainda estou tentando decifrar o que se passa na cabeça dos mais gringos quando veem aquilo, mas o que mais parece é que pensam “nossa, olha como esse menino sabe pular.....”, mas acredito que ninguém vê aquilo como um grande espetáculo, pelo menos é o que parece. Outro dia encontrei eles na praça e ontem quando eu passei por dentro do parque, lá estavam.
Acho que é isso. Hoje é um dia importante por aqui e amanhã também. Espero que quinta eu consiga ficar de bobeira o dia inteiro. Quero ir pelo menos ao Museu Van Gogh e à Heineken...

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Amsterdam: cidade de hábitos simples e curiosos


Ontem deu pra conhecer muito pouco de Amsterdam..... (acabou de entrar uma senhora no meu quarto por engano......rsrsrs)


Bom, só fui a uma pracinha no centro, perto do canal onde não havia muita coisa. Só vi uns 8 ou 9 coffee shops e um pessoalzinho que ficava sentado na graminha da praça, fumando um cigarro que me parecia de palha ou algo do tipo. Industrializado não era, mas o curioso é que muita gente cultiva este hábito. E não é como no interior de SP onde só os mais antigos mantém esta tradição. Tem gente de todas as idades, desde 18 anos até 70. Todos curtem pitar o tal cigarro artesanal. Repare que o rapaz à direita, na foto, está confeccionando um.


Outra coisa que chamou a atenção é que tem uns prédios dedicados ao público GLBT, se é que ainda não mudou essa sigla. E não são poucos. No canal passam barcos e barcos de rapazes alegres que devem estar todo indo à casa de suas namoradas, pois não tem nenhuma mulher acompanhando. E eles passam muito calor, apesar da temperatura amena, pois não usam camisa. Devem ser de algum lugar ainda mais frio.


Acho que não existe a cidade da Barbie, né? Só o carro, a casa.... mas se houvesse seguramente seria inspirada em Amsterdam. Nunca vi uma cidade tão linda. Os prédios são basicamente todos iguais, mas mesmo assim são lindos demais. Não se vê muitos carros de luxo, mas também não se vê carros ruins. Na verdade até agora só vi um de luxo e um podrão. O táxi que pegamos no aeroporto era uma Meca, mas isso é comum em alguns países. O que não é comum é o preço. Mais de 30 euros em poucos minutos. Assim até eu compro uma Mercedes.


Moral da história, não conheci muita coisa ainda. Hoje caminhei um tempão pra comprar um barbeador e espuma, e passando pela parte mais empresarial, tipo uma Berrini, fiquei espantado porque parecia domingo. Acho que o povo chega, trabalha e vai embora. Não tem movimentação nenhuma na rua.


Sei lá, de qualquer maneira aqui está me parecendo ser um lugar muito legal. Ontem não estava com a cabeça muito legal e declinei o convite para sair, mas hoje quero conhecer um pouco da noite. Seguindo a linha das coisas simples, aqui dizem que tem uma rua que pelo nome deve ter a iluminação de outra cor, vermelha. Deve ser curioso este lugar. Também dizem que lá tem uns aquários bem grandes com uns peixes de dar água na boca, mas como diz um amigo que eu gosto muito, prefiro comer minha comida caseira.....

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Mès que una ciutat


Hoje acordei às 6h30 pensando em castelhano, mas era um pouco tarde já que às 10h00 sai meu voo com destino a Amsterdam, mas tudo bem, antes tarde do que nunca. De qualquer maneira sei a que isso se deve. Ontem finalmente saí para tomar o quanto quisesse de cerveja. Fiquei liberado às 17h e logo que cheguei ao hotel liguei para a Mari. Marcamos na Plaça Reial, um lugar muito louco, com gente de todo tipo, e como muito bem ela disse, desde o mais turista até o mais catalão. É meio como a Lapa, no Rio de Janeiro. Em SP não consigo imaginar um lugar que se pareça, mas talvez seja uma Vila Madalena decadente, mas igualmente descolada. Em Jaraguá parece com.... bem, parece com nada....rs

Fui acompanhado pelo Milton e conhecemos a Maria, que é a flatmate da Mari. Uma colombiana divertida. Acho que o fato mais marcante da noite foi a descoberta de que a gata que elas estão criando na verdade é um gato, segundo o veterinário. Eu não me lembro de ter visto isso alguma vez. Como duas mulheres podem criar um gato achando que é uma gata??? Vai entender...

De qualquer maneira foi muito legal rever a Mari. Ela continua igualzinha. Bem sussa, cheia de assuntos e coisas engraçadas pra contar. Não sei como ela ainda não cobra ingresso. Bom, o pior é que não a reconheci e nem ela a mim. Apesar de estar uma pessoa igual ela está diferente fisicamente. Acho que mais magra. E eu mais gordo, bem mais gordo. Assim acabamos nos sentando em mesas distantes, apesar de ela ter passado na minha frente e não termos nos reparado. Só depois de ligar para ela que descobri que estava lá. Eu nós esperando há mais de 30 minutos. Mantendo a minha tradição de tiozinho, afinal de contas algumas coisas não mudam, fui eu quem quis ir embora primeiro. Claro que o Milton voltou comigo e as meninas ficaram. Mas estou evoluindo, acho que já tinha passado da meia-noite.

A Plaça Reial é um lugar de Barcelona que eu gosto muito. Conheci com a Camila e temos uma foto que eu adoro. Quando estivemos lá a fonte jorrava uma água verde de sujeira. O lugar é meio sujo mesmo, mas tem um charme bem legal e é muito bonito. Tipo a Plaza Mayor, de Madri, mas pequena e mais envelhecida.

Chegando ao hotel, mais uma vez não consegui dormir e o medo de perder a hora hoje era grande. Falei com a Carol no MSN, assisti a um filme chato demais e consegui dormir por volta das 4h. Às 6h30 me ligaram da recepção para me acordar e a TV ligou, de acordo com o que programei. O sol também já entrava no quarto que estava com as cortinas abertas e estava abafado, pois desliguei o ar. Assim não tinha como não acordar. Tomei banho rapidão e vim ao aeroporto.

Fiz check-in mais de duas horas antes do voo e fiquei rodando por aqui. Esse aeroporto que vim desta vez é muito legal, parece um shopping. Em homenagem à Ju eu tomei um CAFÉ, mas o cara viu que eu não entendia nada desta complicada arte e me perguntou: “Un café sólo??”. E eu quase respondi: “Un café y la concha de tu madre. Qué más puedo querer???” mas na verdade eu só sorri e respondi: “sí, gracias!”

Depois me peguei igual um bobo vendo uma foto de uns 15m2 da Dolce & Gabana, mas era pré ver se encontrava o Nando. Ele não estava e eu passei por maricón. Mas foi melhor assim porque se estivesse eu ainda tiraria uma foto, o que seria inexplicável por aqui. Aí percebi que era de underwear. Eu de fato estava parado no corredor olhando uma foto gigante com uns 4 ou 5 caras de cueca....huahuhauahua

Antes de chegar aqui ao portão de embarque parei em uma loja da Ferrari. Isto mesmo, uma boutique da Ferrari no aeroporto. Deus sabe o quanto eu mudei pra não ter comprado um tênis ou uma camiseta. Sei que vou me arrepender igual com uma camisa do Massa há 2 anos, mas tudo bem. O curioso da loja é que passaram uns 3 grupos de italianos, e com toda a sutileza que só eles e os grupos de brasileiros têm no exterior eu só entendia as palavras “Ferrari” e “Massa”. Eles devem gostar um tanto do Felipe. Mas o mais legal era a vendedora. Eu concluí que ela na verdade é uma daquelas modelos que ficam segurando o guarda-sol no grid de largada, mas está trabalhando aqui porque está de castigo. Quanta má vontade. Mas tudo bem, foi melhor assim. Acabei não comprando nada mesmo.

Só para registro queria comprar camisetas do Barça pro Gi, pra Julia e pro Rafa, mas ta bem carinho e vai ficar para a próxima...

Hora de embarcar e ver o que me espera em Amsterdam, além de uma Heineken bem suada...

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

E finalmente o Cruyff


Nada como uma bronca da Debs pra motivar um post...rs

Então.... chegando ao restaurante vimos o Cruyff sentado à mesa com algumas pessoas. De longe fazia bem o estilo sou-coroa-bem-sucedido-vida-mansa-pra-caralho, o que logo me remeteu à fama que tem de turrão e grosseiro, que odeia dar entrevistas. Ele logo percebeu que éramos a equipe que ele estava esperando e veio ao nosso encontro. Logo de cara mudou minha ideia sendo bastante simpático ao nos cumprimentar e passou a fazer o estilo ta-bom-eu-sou-o-cara-mas-não-sou-tao chato-vamos acabar-logo-com-isso. Decidimos que faríamos em uma área muito legal que tem para fora do restaurante, mas sinceramente não acho que ficou legal porque tinha uma grade atrás, sem contar a placa de “silenci” (em catalão) que também apareceu, mas tudo bem, a minha parte não era essa mesmo.

Antes de começarmos o Milton chamou o Claudio para alguma coisa e eu fiquei sozinho com o cara. Era exatamente o que eu queria, já que achava importante sentir mais ou menos o que ele gosta e o que não gosta de falar. Então puxei assunto perguntando sobre a Johan Cruyff Foundation (http://www.cruyff.com/asp/eng/cruijfffoundation.asp?page=6), e acho que este assunto deu a liga para que eu pudesse falar com ele sobre coisas mais delicadas durante a entrevista. Ele me falou em off sobre esta fundação, que ajuda portadores de vários tipos de necessidades especiais a conseguirem uma vida mais digna por meio do esporte. Outro projeto é o Sport Management for Sports People, que ensina gestão esportiva a ex-atletas, uma vez que estes não têm condições de estudar durante sua carreira esportiva (http://www.cruyff.com/asp/eng/academics.asp?page=3). É realmente muito interessante, principalmente pela paixão que ele coloca em coisas que ele não tem a menor necessidade de fazer. Antes da entrevista também ficou muito claro que ele é objetivo, não no sentido de falar brevemente sobre as coisas, mas na forma de pensar. O raciocínio dele é tão simples e tão à frente que ele precisa explicar as coisas.

Bom, da pauta que o Japão me passou eu pouco usei. Sabia os assuntos que queriam que eu entrasse e eles foram fluindo normalmente. Outros, pela ingenuidade quase infantil, eu nem fiz. O cara tem tanto conteúdo, tanta coisa legal pra dizer que eu realmente acho irrelevante usar o tempo dele perguntando por que usava a camisa 14, apesar de realmente ser curioso. Falamos sobre o início de sua carreira no Ajax, na Seleção Holandesa, no Barça. Falamos sobre como e por que se originou a “Laranja Mecânica”, como ela funcionava, sobre o Rinus Michels, sobre seu primeiro treinador, sobre o fato de em 74 a Holanda ter maravilhado o mundo, sendo considerada até hoje a única grande revolução do futebol, e mesmo assim ter perdido a final para a Alemanha. Falamos sobre 78, quando ele não quis ir à Copa, quando se esperava que fosse coroado o craque do mundial mais uma vez. Foram tantos assuntos, e eles foram fluindo tão naturalmente que os 15 minutos se transformaram em uma hora, e ele nem coçou a cabeça ou demonstrou cansaço....rs

Fiquei realmente maravilhado por ter conhecido um cara que eu considero um gênio, não apenas por tudo o que fez em campo, mas por saber exatamente o que tinha que fazer. É exatamente o oposto do jogador brasileiro, que faz praticamente por instinto pela qualidade técnica que tem, mas é igualmente fascinante. Ao contrário do que eu esperava, no total foram quase duas horas de muita gentileza e cordialidade, mas principalmente de aprendizado, isto sem contar com umas quatro ou cinco frases que certamente entrariam para a sua longa lista de pérolas.

Quando ele nos deixou o tempo havia mudado e estava meio frio em Montanyà, mesmo assim ele foi jogar seu golfezinho, afinal de contas esporte é esporte e ninguém é de ferro...

Depois da entrevista tive algumas reuniões aqui em Barcelona sobre outros assuntos, e hoje só tenho compromisso até a hora do almoço. A tarde vai ser aproveitada para colocar em dia o trabalho do Brasil. Uma pena que não vai dar pra passear.

Mas de qualquer forma amanhã acordo cedo e na hora do almoço já devo estar em Amsterdam, onde vai começar mais um montão de coisas diferentes. Entrevista com o Davids, reuniões sobre alguns negócios e, quem sabe, assistir ao jogo entre Holanda e Inglaterra que vai acontecer no dia 12. Espero que sim...

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Sorpresa! Sorpresa!

Recapitulando os últimos dias:

Depois de a Malwee atropelar o Deportivo Tachira no último sábado (1) na final da Libertadores de futsal, que aconteceu em Jaraguá, fui a São Paulo com minha dupla de amigos botox, Andrey e Franklin, e com os filhos do Franklin, que estavam passando férias em SC. A viagem foi tranquila e chegamos por volta das 6h. Dormi até umas 11h e logo depois a Mi e eu fomos almoçar na minha avó.

Claro que mais uma vez nem deu pra dar atenção direito a ninguém, nem à Camila, afinal de contas desta vez fiquei poucas horas com ela e estava com um sono absurdo. No aeroporto minha mãe comprou uma camiseta como presente de dia dos pais do Giovanni, mas eu nem dei muita importância, apesar de tê-la escolhido, porque combinei que só usaria a partir de domingo.

O voo saiu de SP no horário e chegou a Amsterdam às 11h12, hora local, sendo que eu tinha conexão às 12h. Percebi que perderia o voo quando me dei conta de que teria que passar por uma checagem de passaporte na saída do avião para só então me dirigir à imigração, onde a fila era absurda. Isso sem contar que o aeroporto é gigantesco. Tipo um CDG mais moderno. Bom, chegando à imigração só uma frase veio à minha cabeça: Tô fodido!

De qualquer forma resolvi fazer o que estava a meu alcance e relaxar, afinal de contas a entrevista com o Cruijff, ou Cruyff, para a TV japonesa estava marcada apenas para terça-feira, às 11h. Mas o que me preocupava mesmo era que minha bagagem chegaria a Barcelona antes de mim, o que me poderia causar problemas. Fui autorizado a pegar a fila rápida da imigração, mas é claro que havia uma família à minha frente que estava causando dúvidas ao agente da imigração. A mim não causou nenhuma: eles nunca mais vão sair da Holanda.

Claro que a família foi autorizada a entrar, e então foi minha vez. Acho que a minha cara foi tão de saco cheio que eu não disse uma palavra, ele me mediu, eu bufei e ele carimbou o passaporte sem dizer uma palavra. Em seguida, faltando 15 para o meio-dia, tira o cinto, abre lap top, abre bagagem de mão. Me liberaram e eu saí correndo como um louco no meio do aeroporto. Engraçado ver aquele monte de gente olhando como se eu fosse um alien suando, segurando a calça com uma mão e com a outra relógio, passaporte e passagem. Corri, corri, corri. Deu uns 5 minutos numa pegada forte, desviando de todo mundo e morrendo de medo de levar um tiro de algum policial maluco. Cheguei à fila às 11h59 suando em bicas. Era o último quando faltavam apenas 2 passageiros.

Sentei no meu lugar e aí sim comecei a suar de verdade. Coisa ridícula. Pra não ter moleza sentaram-se ao meu lado dois caras do meu tamanho. Cochilinho, mais comida de avião, Beatles no iPod e cheguei a Barcelona. Fui à esteira 40 com todos que estavam no meu voo. Agora era só retirar a mala que o João me emprestou, da Seleção Brasileira, fácil de reconhecer, e pegar um táxi para o hotel, onde eu encontraria o Milton.

Aí veio a primeira surpresa do dia, ou melhor, não veio. Cadê a minha mala? Pois é, eu cheguei e ela não. Quando fui fazer a reclamação tinha um garoto na mesma situação, que fez a mesma conexão que eu. A boa notícia era que a mala viria no voo das 19h. A melhor notícia é que eu tinha o presente de dia dos pais do Gi para me virar no calor até que as coisas chegassem.

Saindo dei de cara com o Milton, que foi me esperar no aeroporto com o Claudio, que faria as imagens na entrevista do Cruyff. Quando falei pra ele da surpresa que eu tive chegando, ele me contou que tinha uma ainda maior. “O Cruyff vai ter que viajar amanhã. Estamos indo lá agora pra fazer a entrevista.”

Uma vez inevitável, relaxa e vai... recebi uma cópia da pauta enviada pelos japoneses. Quem me conhece sabe o que eu fiz com ela..... pelo menos serviu pra eu saber os assuntos que eles queriam que eu tocasse. E só....rs

Fomos nos afastando de BCN e chegando a uma linda região montanhosa. O lugar propriamente dito chama Montanyá. Simplificando o que é insimplificável (inventei agora) trata-se de uma montanha que se sobe por uma estrada de cobrinha, tipo aquelas do Tour de France, com casas de bacanas, e entenda-se por bacanas gente muito BACANA, e um Golf Club espetacular, onde gravamos.

Chegamos ao lugar e informamos que faríamos uma entrevista com o Sr. Johan Cruyff, e nos avisaram que ele já estava esperando no restaurante, apesar de estarmos uns 20 minutos adiantados. Entramos no restaurante e o resto eu termino depois porque já estou atrasado.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Intensidade é a palavra!

Bom, agora que eu já tenho uma leitora, que também é minha musa de blog, acho que está na hora de começar a falar um pouco sobre o que acontece.

Outro dia tive alguém puxou aquela conversa básica comigo:
- E aí, tudo bem?
- Intenso.
- Como assim, intenso?
- É que tem tantas coisas acontecendo, umas muito boas e outras muito ruins, que não dá pra definir. É isso.

Então eu prefiro começar pela pior. Meu cunhado, um cara de quem eu gosto bastante, sofreu um acidente e está hospitalizado. Claro que ele é o maior prejudicado nisso tudo, e isso causa um sofrimento tão grande para todas as pessoas envolvidas que a situação fica realmente muito difícil. A instabilidade toma conta de todo mundo, mas ainda há um lado positivo, que eu acredito ser a mobilização das pessoas para que tudo melhore. Na prática pouco pode ser feito por nós, mas acho que a corrente que se forma de vibrações positivas pode, além de melhorar o estado dele, fazer as pessoas entenderem a importância do que realmente tem alguma relevância na vida, por mais doloroso que possa ser este processo. Eu, aqui de longe, fico angustiado por não poder fazer mais, mas tento ajudar da forma que eu consigo, e uma delas é desejando muito o seu bem.

Também tem uma coisa boa acontecendo, que tem o seu lado ruim, que está próximo de acontecer. Meu filho, que eu amo mais do que as pessoas podem imaginar, está aqui no Brasil. Não foi possível ficarmos muito tempo juntos, mas acho sim que o tempo que tivemos foi de muita qualidade. Tivemos uma semana muito legal aqui em Jaraguá e eu tenho certeza de que não vou me esquecer daqueles dias, por mais simples que tenham sido. Para mim foi muito importante fazer café da manhã, almoço, jantar, fiscalizar banho, levá-lo ao jogo de futsal (mesmo sendo uma das pouquíssimas derrotas que a Malwee sofreu no ano), levá-lo ao Juventus para que ele conhecesse um clube de futebol, para que entrasse no gramado e visse o treino, além do velho e bom vídeo-game que jogamos. Também valeu a pena levá-lo ao supermercado e deixá-lo escolher as coisas que ele queria comprar. Ele é um companheirão. E nem reclamou quando, no último dia, atrasado para ir ao aeroporto, esqueci de preparar alguma coisa para ele comer e fomos obrigados a encarar o lanche horroroso da Gol como principal refeição do dia. Também demos muitas risadas no avião, e ele nem percebeu o pânico que eu tenho de voar.

O lado ruim? Ele vai voltar para os EUA no próximo domingo.

Coisas boas também tem de montão. Dei para a Camila uma aliança de noivado de verdade, se bem que eu achei muito original me ajoelhar no meio do bar e pedi-la em casamento com um anel de gelo. Quem já passou por isso?

Também tem coisas legais acontecendo no meu trabalho. O Falcão tem jogado muita bola e está conquistando um espaço cada vez mais legal na mídia, a Malwee joga nos dias 31/07, 01 e 02/08 as finais da Libertadores, e pode conquistá-la pela quinta vez consecutiva. O Juve está bem, brigando pelas primeiras posições da Divisão Especial Catarinense.

E também tem os compromissos com os ex-jogadores holandeses Cruyff e Davids em Barcelona e Amsterdam no início de agosto. E vamos combinar que isso é bem legal, vai....

Isto é o que eu chamo de intensidade. Claro que não justifica minha ausência com muitas pessoas, principalmente com o meu amigão Ricardo, que está no momento mais legal da vida dele e eu estou longe. Tantas outras pessoas das quais deveria estar mais perto e não estou.... mas parece que a vida está assim mesmo para todo mundo. As distâncias não se medem mais em quilômetros. Eles são muito objetivos para limitar a vida das pessoas. As distâncias agora acho que se medem principalmente pelo quanto queremos bem e desejamos estar perto das pessoas, e olhando por este ângulo eu me sinto muito mais perto do que as pessoas conseguem perceber.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Que raio é esse???

A verdade é que, apesar de usar tecnologia e internet e tudo mais pra trabalhar, eu me considero quase que um analfabeto digital. Não atualizo facebook, muito menos orkut. A Camila briga há décadas comigo porque eu não troco as fotos que ela odeia, e eu nunca troco mesmo. Sou preguiçoso.

De qualquer maneira achei muito legal o blog da Ju. Sempre me senti perto dela, mesmo estando tão longe e falando tão pouco com ela. Sei que isso só foi possível por conta do blog impagável que ela tem (tudo bem que não anda atualizando como antes, mas tudo bem....).

Bom, no fim das contas achei que este blog pode ser uma oportunidade de estar mais próximo a pessoas que eu gosto muito e que tenho pouco contato. Pode ser uma forma de pelo menos contar a elas como estão as coisas. Mas não se assuste se eu parar de postar de uma hora para outra.

Como na maior parte do tempo a minha vida tem se resumido a trabalhar eu achei que seria legal usar o meu trabalho como ponto de partida, afinal de contas é o que eu mais faço, e aliás gosto muito de fazer.

Eu já tive blog, mas até hoje não sei ao certo que raio é esse, mas vou tentar descobrir. Se a brincadeira enjoar, eu paro... rs