quinta-feira, 15 de outubro de 2009
La Noche del 10
Para deixar claro, sou Pelé até a morte, mas admiro também os outros gênios do futebol, e o Maradona, sem dúvida, é um deles. Mas eu acho que com aquela vitória da Argentina sobre o Uruguai fechou-se um ciclo muito mais importante e não tão comentado. O ciclo da recuperação. É claro que não é surpresa a Seleção Argentina conquistar uma vaga na Copa do Mundo. Aliás, a vaga é dela. Assim como a do Brasil é dele. O estranho seria uma destas equipes não se classificarem.
Mas e o cara que foi o melhor do mundo, depois passou por uma fase ruim com drogas, voltou muito bem na Copa do Mundo de 1994, foi punido por doping, passou por toda sorte de desventuras, até voltar à Seleção como treinador e levar o time à Copa do Mundo de 2010? E se ainda pensarmos que nas duas últimas partidas os gols saíram dos pés de jogadores que ele colocou para jogar no meio da partida? Será que ele não tem méritos como técnico? E se pensarmos em uma Argentina jogando totalmente fora de suas características por um bem maior, como aconteceu ontem? Será que qualquer outro treinador conseguiria fazer a albiceleste jogar aplicadinha na defesa, jogando com o bumbum na trave?
E vale gastar alguns minutos refletindo sobre a coragem do Maradona, afinal de contas poucos jogadores aceitaram correr este risco, e muitas vezes nós, pessoas comuns, com muito mais a provar, acabamos nos acovardando frente aos desafios mais simples. Mas talvez esta seja mesmo a diferença entre pessoas comuns e grandes gênios.
No fim, fica a vontade de ver o Maradona colocar a cereja neste bolo e participar de mais um Mundial, desta vez comandando sua equipe do banco de reservas. E só para registrar, a Seleção Brasileira se classificou para a Copa do Mundo de 1994 desacreditada como a Seleção Argentina, e ganhando do Uruguai...
terça-feira, 13 de outubro de 2009
As belezas do caminho
sábado, 3 de outubro de 2009
O Brasil e os grandes eventos esportivos

Nem mesmo o Presidente pop-decadente Barack Obama, que defendia a candidatura de Chicago (My Kind of Town) foi capaz de segurar o furacão tupiniquim. E aos poucos Tóquio e Madri também foram ficando para trás. É claro que isto é sintomático, o Brasil está na moda. Mas a questão que fica é: qual o legado de uma olimpíada para o país do futebol?
Quando se fala em evolução de uma cidade provocada pelo esporte, o caso mais clássico é de Barcelona, que sediou os Jogos Olímpicos de 1992 (sim, aqueles mesmo do Gustavo Borges). A cidade, que segundo quem a conhecia, era ultrapassada e suja, transformou-se em uma verdadeira metrópole mundial. Pouco antes de visitá-la pela primeira vez, conversando com o bicampeão olímpico Maurício Lima, do vôlei, durante o Pan, no Rio de Janeiro, ele exaltava a organização e as instalações do Pan, dignas de uma Olimpíada.
Pois assim que o Pan terminou viajei a Europa com a Camila e uma das primeiras cidades que conhecemos foi exatamente a capital da Catalunha. Ficamos impressionados com o quão moderna ela é, mas também pudemos constatar que algumas das instalações Pan-americanas realmente estavam à frente das olímpicas, com destaque ao Engenhão, que supera o Estádio Olímpico de Barcelona sem a menor cerimônia. Claro que estamos comparando uma edificação de 1992 com outra de 2007, mas dada a diferença de grandeza entre os eventos e de prosperidade entre os países, a vantagem brasileira me surpreendeu.
Com relação aos ginásios construídos para os dois eventos, a vantagem também é brasileira, com a Arena Multiuso dando um verdadeiro banho em sua similar espanhola. Mas o ponto não é qual estádio, ginásio ou piscina é mais moderno. A grande questão é o qual a herança que fica para o país sede, afinal de contas todo o investimento e esforço empenhados devem deixar muito mais do que um monte de concreto.
Obviamente todos os 25 bilhões de reais investidos nas Olimpíadas cariocas gerarão milhões de empregos em todo o Brasil, melhorando a qualidade de vida de muitas famílias, o que por si já serve como uma boa desculpa para tamanha “excentricidade”, afinal de contas de uma certa maneira gerar empregos é muito melhor do que a política assistencialista demagoga adotada pelo Governo Lula ao longo de todos estes anos. Mas um evento deste tem que deixar uma herança que, embora se proclame o contrário, o Pan não foi capaz de deixar.
É preciso tocar o âmago da cultura brasileira. Não apenas carioca, mas de todo o país. É preciso poder andar com segurança nas ruas do Rio de Janeiro. É preciso ter um transporte público que atenda com dignidade a população e os turistas, que ao contrário do que se pensa não querem e não são acostumados a andar somente de táxi. É preciso que em uma das cidades com maior potencial turístico de todo o mundo, e sem dúvida a mais bela em recursos naturais, ao menos se possa ser atendido em inglês e em castelhano. É mais do que preciso que se entenda que não é agradável sentar-se em um belo quiosque à beira-mar, com garotos pedindo esmola a todo momento e pseudo-artistas tentando de todas as formas levar um troco.
Este é o grande legado dos Jogos Olímpicos. E dá tempo para se fazer muito. Está na hora dos jornais pararem de ir pesquisar o que os argentinos acharam da eleição do Rio e se virarem para as comunidades mais carentes da Cidade Maravilhosa para perguntar o que eles entendem de tudo isto e o que esperam que melhore em suas vidas. Já nos sentamos demais para apontar o dedo para os outros. O Brasil não está apenas nos pés dos gringos e gringas descolados. Ele está também na cabeça. O Rio de Janeiro é, sim, o nosso cartão postal, mas já está na hora de ser muito mais. E o esporte pode ser o passaporte para sua evolução e revolução. São os três maiores eventos possíveis em apenas nove anos. Um fato inédito em todo o mundo.
O Pan-americano mostrou que o país pode sediar grandes eventos, mas pouco deixou para a cidade além de boas recordações e uma grande estrutura que se deteriora diariamente. A Copa do Mundo de 2014 é vista e tratada como a grande cachaça do povo, apesar de poucos se darem conta disso. Ela também mostra como ainda estamos despreparados para regras rígidas. Vide o caso do Morumbi, em que a diretoria do SPFC achou mais fácil, em princípio, tentar enganar o povo e jogá-lo contra a FIFA do que apresentar uma proposta decente, que demorou a sair. E aí vai uma verdade que se pode constatar em qualquer lugar desenvolvido onde o futebol é tratado com seriedade: o Morumbi é uma charrete, e o Maracanã um fusca gigante! Até Wembley já foi para o chão!!!
Resta agora que a organização dos Jogos Olímpicos não incorra nos mesmos erros e dê ao Brasil muito mais do que pão e circo.
domingo, 13 de setembro de 2009
Um fenômeno desconhecido

Rubens Barrichello é um nome que sempre causa bastante discussão em um país onde ao lado de 170 milhões de treinadores de futebol há o mesmo número de comentaristas de Fórmula 1, credenciados, é claro, por oito títulos mundiais conquistados por Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e pelo grande mito Ayrton Senna. Eu, como um entre tantos “comentaristas”, e que me desculpem Lito Cavalcanti, Reginaldo Leme, Claudio Carsughi, Téo José entre outros, também estou aqui para dar o meu pitaco. Mas quero falar um pouco sobre este piloto que foi duas vezes vice-campeão correndo ao lado do maior de todos em números, Michael Schumacher, não pelo brilhante fim de semana na Itália, nem pelo brilhante fim de semana na Espanha, ou talvez pelo bom fim de semana na Bélgica. Eu quero voltar um pouco mais no tempo.
Acho importante lembrar do Rubens de 6 anos de idade que ganhou seu primeiro kart do avô, e só conseguiu apoio de seu pai após as três primeiras corridas, que lhe renderam um treceiro lugar, um segundo, e sua primeira vitória, respectivamente. Ali o Rubão viu que seu moleque levava jeito pra coisa. E foram nada menos que 8 temporadas com cinco conquistas nacionais e três vice-campeonatos. Nada mal para um garoto com condições financeiras abaixo da média dos concorrentes.
Em 1989, aos 16 anos, sua família deu um jeito de comprar um Fórmula Ford para ele correr no Brasil. O carro era usado e um tanto despretensioso, mas o destino se encarregou de dar uma forcinha e a transportadora oficial deixou seu monoposto cair do caminhão. O resultado foi um carro novinho em folha para o jovem Rubens. Ele retribuiu o presente do destino com uma vitória em sua primeira corrida na categoria e o terceiro lugar no campeonato.
Sua performance, usando um termo que está na moda, diferenciada, rendeu-lhe a oportunidade de se mudar para a Europa, onde disputou o Campeonato Europeu de Fórmula Opel. Mas as coisas ainda eram difíceis e as condições só permitiam que ele fosse sozinho desbravar um novo mundo, o velho mundo. Neste ano, 1990, aprendeu a falar italiano, foi campeão, mas dormia na garagem da equipe com um cachorro e só podia guiar porque usava a carteira do seu pai, que além de se parecer muito com ele, tem o mesmo nome e também nasceu no dia 23 de maio. E há quem chame isto de coincidência.
No ano seguinte mudou-se para a Inglaterra, onde defendeu a equipe West Surrey Racing, na Fórmula 3. Sem conhecer o idioma, seu melhor amigo era um surdo-mudo, que devia saber muito bem pelo que ele estava passando. E mais uma vez ele foi campeão estreando em uma nova categoria. Desta vez o mais jovem até então.
Em 1992 disputou o Campeonato Europeu de Fórmula 3000, que era a principal porta de entrada para seu principal sonho, a Fórmula 1. De volta à Itália e finalmente morando bem, Barrichello não contava com um carro dos mais competitivos, mas o terceiro lugar no campeonato, aliado a todo o seu histórico, abriu os olhos das equipes da principal categoria do automobilismo para aquele paulistano torcedor do Corinthians.
Em 1993, estreando pela Jordan-Hart, ele estabeleceu quatro objetivos para sua carreira: 1º - conquistar pontos; 2º - chegar ao pódio; 3º - vencer uma corrida; 4º - ser campeão mundial de Fórmula 1.
O primeiro objetivo conquistou ainda na primeira temporada, no Japão, com dois pontos. Antes disso, porém esteve muito perto de um feito extraordinário, quando no GP da Europa, em Donington Park, na Inglaterra, mesma prova em que Ayrton Senna fez a primeira volta mais espetacular que já vi e chegou a dar uma volta no segundo colocado Damon Hill, Barrichello estava em segundo e quase conquistou seus dois primeiros objetivos na Fórmula 1 em uma só corrida, mas o carro não aguentou. (vale a pena ver a volta do Senna http://www.youtube.com/watch?v=1BzSSfJ7Gpw)
O pódio chegou em abril de 1994, pouco antes de sofrer o pior acidente e a maior perda de sua vida no mesmo fim de semana, em San Marino. Seu acidente brutal no treino de sexta-feira e a morte de Roland Ratzenberger na classificação do sábado (http://www.youtube.com/watch?v=yip0UwGCGIk) foram o início de três dias que ficarão marcados na história do automobilismo e do esporte brasileiro, pois culminaram com o desaparecimento do maior gênio que o esporte brasileiro já produziu, Ayrton Senna.
Considerado um dos mais promissores pilotos de sua geração, em 2000 Rubinho foi para a Ferrari, onde ficou por seis temporadas, sendo o segundo colocado na classificação geral por duas vezes, em 2002 e 2004. Lá também conquistou 9 vitórias, 25 segundos lugares e 21 terceiros.
Em 2005 decidiu buscar novos ares, onde pudesse ao menos lutar por seu quarto e último grande objetivo na Fórmula 1. Hoje está com 37 anos de idade e mais competitivo do que nunca, brigando realmente pelo título mundial. Corre por amor, não precisa do dinheiro e não precisa da fama, mas se submete à dura vida de piloto de corrida por acreditar em si e para seguir em busca de seus sonhos.
Claro que uma carreira não é feita apenas de brilhantismo, e os erros a mais de 300km/h aparecem muito mais do que em um escritório ou um estúdio com ar-condicionado. Os erros fazem parte da vida dos Rubens, dos Denis, dos Carlos, das Andréas, das Márcias e até dos Ayrtons, mas a virtude está em aprender e dar a volta por cima, como muito bem está fazendo o Barrichello, com ou sem título.
Minha torcida segue com ele, e também aposto minhas fichas...
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
O papel social do esporte

Obviamente o mundo ideal é cada vez mais utópico e enquanto muitos se beneficiam da sensível diminuição de distâncias, que promove o conhecimento e a experimentação de estilos de vida que pareciam praticamente intangíveis há alguns anos, outros ainda sofrem com a falta de condições básicas para uma vida digna, e este fenômeno, ao contrário do que pode parecer, não se restringe a países pobres ou em desenvolvimento, como os da América Latina, África, Ásia e Leste Europeu.
Não é possível imaginar os países mais desenvolvidos como se fossem ilhas da fantasia, onde não há espaço para problemas sociais, que não passariam de manchetes de páginas internacionais de jornais e de grandes canais internacionais de notícias. As dificuldades, por algum motivo, estão lá também. Fazem parte de bairros pobres dos países ricos e dos lugares menos visíveis a turistas, muitas vezes de países como o Brasil, que visitam lugares onde acreditam haver apenas prosperidade.
Uma notícia que me atraiu a atenção nesta quinta-feira foi a visita do piloto britânico Lewis Hamilton à Copa do Mundo dos sem-teto, em Milão. Na foto acima ele aparece rodeado de competidores que, em sua essência, já são grandes vencedores por estarem participando deste evento. E quando se fala em uma competição como esta, normalmente o que vem à mente é que se trata prioritariamente de jogadores originários de países nos quais o desenvolvimento é precário e as condições de vida injustas com a maioria da população.
O fato é que eu assisti, recentemente, a algumas partidas da “Homeless Dutch Cup”, que nada mais é do que a versão holandesa do futebol dos sem-teto, que aconteceu em Amsterdam, no mês de agosto. Ali, como já relatei no próprio blog durante a viagem, foi possível constatar que mesmo em um país pequeno e rico, que transpira futebol por todos os poros, há um verdadeiro abismo entre as classes mais pobres e a classe média.
O que me impressionou, de fato, foi a estrutura montada para o evento. Uma arena em uma das praças mais movimentadas da cidade, aberta ao público, com camarote para convidados especiais e ampla cobertura da imprensa. Também havia patrocínio de grandes empresas ligadas ao esporte, como a NIKE. Tudo favorecia o comparecimento do público, e como se trata de um evento com bom planejamento e execução, o sucesso estava garantido antes mesmo de a bola rolar. Durante as partidas era evidente o orgulho de todos os participantes, que jogavam duro, mas com lealdade. Ao fim dos jogos sempre havia uma foto coletiva entre os adversários e o reconhecimento dos torcedores quando os participantes saiam da quadra. É claro que um evento como este, além de arrecadar fundos com patrocínios e venda de material de merchandising, também alertava para o desafio social e melhorava a auto-estima daqueles que nem ao menos têm onde morar, mas que naquele momento eram verdadeiros astros.
Pude também conhecer melhor o projeto social do jogador Edgar Davids, que não se distanciou de suas origens e ajuda centenas de garotos que estão em busca de um futuro melhor. E como ele faz isto? Com esporte, claro! São jovens que desenvolvem suas habilidades por meio do street soccer e, ainda que não se tornem campeões, aprendem a lidar com disciplina, respeito ao próximo e, principalmente, percebem que cada um impõe seus próprios limites, e por isso todos são capazes de chegar ainda mais longe. O melhor de tudo isso é que a estrutura para um projeto como este é bastante simples e de baixíssimo custo. Apesar de possuírem os recursos para melhorar a vida das pessoas com altos investimentos, lá eles preferem usar a criatividade e desenhar projetos altamente aderentes a comunidades menos abastadas e até a países como o Brasil e tantos outros.
Trata-se apenas de uma bola, um tênis, um professor e muita vontade de jogar. É lógico que existe toda uma metodologia envolvida, mas esta também está disponível. Empresas como Burger King e Red Bull investem, favorecendo ainda mais o sucesso, mas ainda para elas os valores envolvidos e o retorno são bastante convidativos.
Os atletas renomados entram com sua imagem e todo o resto funciona com profissionais comprometidos que vêem em ações como esta uma oportunidade de fazer do mundo um lugar um pouco melhor para se viver. Isto acontece em países ricos da Europa e nós nem ao menos sabemos. Hoje, milhares de pessoas tomaram conhecimento do futebol para sem-teto por conta do Lewis Hamilton. A pergunta que fica é quantos projetos como este existem no Brasil e são tocados por anônimos, que se sacrificam para dar a outras pessoas uma chance que muitas vezes não tiveram. Certamente não são poucos.
Sei que existe um projeto muito legal de boxe no Vidigal, Rio de Janeiro. Também sei que há muitos relacionados a futebol nos mais diversos cantos do Brasil. Todos dão oportunidades a quem talvez não viria a ter outra em toda a sua vida, e mais que formar atletas, eles formam cidadãos que se distanciam da criminalidade.
Indo para outro lado, tive o imenso prazer de conhecer, em 2008, por meio do querido Bebeto, campeão mundial de futebol pela Seleção Brasileira, em 1994, o Instituto Bola Pra Frente (http://www.bolaprafrente.org.br/), para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Trata-se de uma estrutura de mais de 11.000m2 no bairro de Guadalupe, Rio de Janeiro, que na época tinha 998 assistidos. Eram jovens que tinham reforço escolar, atividades físicas e alimentação durante o período em que não estavam na escola. É claro que o rendimento na sala de aula e o comportamento em casa melhorou muito para todos eles.
E tudo nasceu com Jorginho, atualmente auxiliar do Dunga na Seleção, que em sua juventude humilde morava em um prédio vizinho ao local onde hoje é o instituto, e certo dia sonhou que sonhou que ali era a Disney. Ele venceu na vida e realizou seu sonho. Não fez a Disney, mas fez muito mais pelas crianças de um dos lugares onde a Cidade Maravilhosa é apenas uma foto no cartão postal. Ali crianças comuns ganham novas oportunidades e ainda podem saborear um delicioso almoço ao lado de verdadeiros ícones do esporte e da vida, que aumentam ainda mais a esperança de dias melhores.
Estes são alguns exemplos de como o esporte pode fazer do mundo um lugar melhor, e não apenas para aqueles que ganham algum ou muito dinheiro com ele, mas também para aqueles que aprendem com ele o valor que tem o respeito, a disciplina, o companheirismo e a força de vontade.
E a dúvida que fica é com relação ao quanto fazemos de fato para que a sociedade seja cada vez mais justa. Não de uma maneira fantasiosa, mas dentro das possibilidades que cada um de nós. Hoje certamente eu vou dormir com essa na cabeça...
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
Injuriado

sexta-feira, 4 de setembro de 2009
A indústria da desinformação no esporte – Parte I

Quando me propus a manter um blog, a intenção não era outra senão falar aos meus amigos sobre o outro lado do esporte e as experiências que ele proporciona a quem trabalha com ele e não é atleta ou profissional de educação física, focando sempre no lado positivo. Acontece que há ocasiões em que se torna impossível não falar sobre o lado negativo. Obviamente sempre há problemas como em qualquer atividade, mas estas de tão comuns a todos os profissionais não merecem destaque. O fato é que o esporte sofre com outras mazelas que lhe são peculiares, e estas são interessantes, sim, para quem é de fora.
A ligação entre o esporte, seu desenvolvimento, manutenção e os meios de comunicação é evidente para qualquer profissional que viva direta ou indiretamente desta atividade, e não menos clara para o público em geral, que se identifica com clubes, atletas, patrocinadores e até com os veículos os divulgam.
Até este ponto não há qualquer novidade, mas por trás de tudo isso muitas vezes a verdade se torna bastante turva para o público, que sofre com desinformação e incoerências constantes, principalmente daqueles que deveriam servir como suporte para seu crescimento.
Falando sobre obstáculos que fazem parte do cotidiano de quem trabalha com marketing esportivo e comunicação, não posso parar de pensar em um que por vezes quase me tira do sério. É o clássico comportamento que ainda não sei se é desalinhado ou hipócrita de alguns veículos que cobrem o esporte e são responsáveis por grande parte do conhecimento do público.
Como pode uma TV, por exemplo, levar atletas aos seus programas e lembrar empresários, no ar, sobre a importância do patrocínio se estes mesmos programas impedem seus convidados de participarem com roupas ou uniformes que remetam ao clube ou aos patrocinadores que os mantêm?
Um exemplo com o qual convivo diariamente é o de TVs que querem a qualquer custo usar um jogador como o Falcão para aumentar sua audiência, mas negam-se a dar crédito às empresas que possibilitam que ele permaneça no Brasil. Se não fossem Malwee, Banco do Brasil e Umbro, entre outras, provavelmente ele não estaria mais aqui para dar audiência a TVs a cabo que transmitem seus jogos quase que semanalmente e a TVs abertas que descobriram no futsal, e muitas vezes mais ainda na figura do próprio Falcão, uma importante ferramenta para garantir bons números em manhãs de domingo. Será que meu raciocínio até agora vem sendo absurdo?
E se começássemos a chamar o time do Corinthians de São Paulo só porque ele é sediado na Zona Leste da capital paulista? Isso soa absurdo? Podemos também pensar na Portuguesa Santista sendo chamada de Santos, já que é daquela cidade. Eu acho que seria bem interessante um jogo entre São Paulo X São Paulo e Santos X Santos. Mas daria mais confusão quando jogassem Corinthians e Portuguesa Santista, porque este jogo seria anunciado como São Paulo X Santos, sem que ao menos um dos dois estivesse em campo. Papo de louco? Isso acontece!
Enquanto uma empresa como a Malwee Malhas, maior do Brasil em seu segmento, investe pesado para mobilizar uma cidade, um estado e um país em benefício de um esporte que não é o rico futebol, há veículos que se negam a mencionar o nome correto de sua equipe, Malwee Futsal, para chamá-la de Jaraguá. E por que não pensar também em sua maior rival, Krona Futsal, que ainda é chamada de Joinville, mesmo depois de mudanças de gestão, de uniforme e tudo mais? Isto sem citar as equipes de vôlei, que passam pelo mesmo problema. O investimento e gestão de equipes esportivas por empresas que também dão a elas seu nome é uma realidade em todo o mundo. Por que aqui tem que ser diferente?
Mas o mais interessante é que quando um time como o Interviù Fadesa, da Espanha, ganha o Campeonato Mundial de Clubes de futsal, seu nome é cantado aos quatro ventos no Brasil, obviamente impulsionado pela ignorância de repórteres e editores, que desconhecem o fato de o Interviù ser uma revista que mantém o time de futsal, o que me faz crer que muitos veículos no Brasil preferem enaltecer o concorrente espanhol a citar o nome de quem é responsável pelo crescimento do esporte em seu próprio país. Ou deveriam chamá-lo de Alcalá de Henares.
Eu vejo toda esta situação com grande tristeza, mas acredito em um futuro melhor para o esporte. Acredito que a audiência aos poucos vai percebendo isto e migrando para veículos que não testam sua inteligência de forma grosseira e promovem desinformação. Ora, se não que falar da Red Bull Racing, para que transmitir Fórmula 1?
Também tenho experimentado o poder da segmentação. Esta tendência, que cada vez mais vem fazendo a cabeça dos profissionais de marketing, é uma forma direta e muito efetiva de comunicação. Tem que ser trabalhada de forma bastante criteriosa e eu diria que é o oposto da “mídia da mãe”. Em veículos segmentados normalmente a seriedade e a profundidade é muito maior. Também tem a relação custo x benefício que, sem dúvida, é muito interessante.
Infelizmente, para quem tem menos conhecimento, e muitas vezes pode ser alguém que tenha poder de decisão em clubes e empresas patrocinadoras, ainda impressiona um programa vespertino dominical, mesmo que todo o seu público alvo esteja na praia esta hora. Mas esta é só mais uma luta que tem que ser travada, entre tantas que devem ser vencidas, para que os profissionais de esporte sejam finalmente reconhecidos e tratados realmente como profissionais.
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
No esporte como na vida

De qualquer forma eu tenho considerado estes dias muito interessantes no esporte. O velho e bom Juve ganhou mais uma, desta vez uma pedreira fora de casa contra o Hercílio Luz, e segue consistente rumo ao acesso no Catarinense. Mais uma vez acho que o grande mérito fica por conta do treinador Pingo (aquele mesmo que jogou no Timão no fim dos anos 90, ganhando vários títulos), que tem sido muito feliz em suas ações e mostra cada vez mais ter o grupo na mão.
Mas o que eu achei demais foi a Formula 1. Em uma corrida onde a única coisa óbvia foi a falta de sorte do Rubinho, mais uma vez eu vi a vida retratada no asfalto, agora em Spa-Francorchamps, Bélgica. Quem poderia imaginar na sexta-feira que Raikkonen e Fisico seriam os dois primeiros? E ainda quase deu para o Fisichella ganhar, mas ele vacilou na relargada. Teve tudo para ser uma das maiores surpresas da F1, e de qualquer forma foi chegando em 2º com um carro que até então sequer havia pontuado em 11 corridas. É aquela tênue linha que divide o céu e o inferno mais uma vez se mostrando.
E o Nelsinho??? Estão investigando se ele bateu de propósito! Eu nunca vi uma coisa dessa. E se ele fez mesmo, foi perfeito. Garantiu a vitória do Alonso, seu companheiro de equipe. Ah, e tirou o título do Massa. Batidas propositais já aconteceram entre pilotos, mas contra o muro é uma ousadia inédita e, cá entre nós, estupida demais. Estão dizendo que o cara bateu o carro no muro a sei lá, uns 200km/h para ajudar o outro!!!
Onde está o limite entre o correto e o incorreto? Quando temos que nos voltar contra quem comanda? Pelo que sei até no exército uma ordem absurda não deve ser obedecida. Claro que é muito cedo para se falar qualquer coisa, e eu prefiro acreditar que ele não tenha feito isso até que se prove o contrário, mas se fez e, principalmente, não abriu a boca em todos estes meses, acho que passa a mostrar alguma fraqueza ainda maior, de caráter.
Afinal de contas, até onde podemos ir para alcançarmos nossos objetivos? Eu continuo preferindo ser o otário a ser o esperto. E cada vez mais eu não aguento ver gente se beneficiando da posição que tem em detrimento do bem comum. É o esporte mais uma vez se mostrando reflexo da vida.
Como Ron Dennis e Briatori vimos muitos a cada dia. Seus comandados que dão a cara para bater, assim como no mundo corporativo, muitas vezes não acreditam no que fazem. É como almoçar com executivos de uma companhia de tabaco e, quando perguntados se são fumantes para a escolha do lugar, ouvir os caras responderem “simpatizantes”. O que é isso???? Quem simpatiza com cigarros???? E eu não estou brincando. Já vi isso!
Pois é. Cada vez mais as pessoas se sujeitam a atitudes pouco honradas para viver bem. Como se viver bem fosse uma mera questão financeira. Mas tudo bem....
Enquanto o mundo exterior vai cada vez mais causando espanto, que pelo menos dentro das pistas, campos, quadras, piscinas e qualquer local de competição a emoção sempre seja a grande vencedora no esporte. E algo me diz que para melhorar o meu humor os gênios Falcão e Lenísio vão tirar algum coelho da cartola hoje e me fazer lembrar de tudo aquilo que faz do esporte algo tão especial, pelo menos para mim...
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Mais do mesmo

Quando o li pela primeira vez, acho que na sétima série, nas aulas da Professora Iraí, a mesma para quem apresentei um trabalho sobre a história do rock, que também foi quem agraciou a turma passando "Hair" na aula, achei o texto exageradamente pessimista. Quase vinte anos depois acho mais atual e verdadeiro do que nunca. Aproveite:
Versos Íntimos
Augusto dos Anjos
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Quando chegamos ao Km mais difícil

quinta-feira, 13 de agosto de 2009
1-day tourism
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
terça-feira, 11 de agosto de 2009
Mitos de uma cidade fascinante
Claro que são muitos e como o objetivo desta minha estada está longe de ser turístico, só deu pra caçar alguns mitos, mas vamos lá:
Red Light Street – FALSO!
Não é Street, é District! Ou seja, a rua na verdade é todo um distrito. Você chega pela rua principal, que é a do canal, e fica surpreso. Um monte de mulheres atrás de um vidro com uma cortina. Elas não ficam nuas. O fulano chega, gosta, ela abre o vidro e acerta o preço, o cara entra, ela fecha a cortina e a ação ocorre ali mesmo, com a cortina fechada e um sonzinho ligado. Na verdade o “aquário” tem uma cama de solteiro.
São várias ruas onde tudo acontece. Você pode escolher entre loiras, morenas, ruivas, asiáticas, negras, magras, gordinhas, gordonas, brancas, negras, mais safadas, mais recatadas (!), brasileiras (tem um montão), italianas, latinas, e até pode encontrar recheio no pastel, se não tomar cuidado...
Mas na verdade o lugar é um ponto turístico muito legal, e ao contrário do que possa parecer é frequentado por todo tipo de gente, inclusive os que não estão ali para sexo. Tem muitos casais, pessoas de mais idade, meninas, todo mundo passa por lá pelo menos uma vez....rs
Coffee Shops – VERDADEIRO!
Pois é, este não é um mito, é verdade mesmo. O cara pode entrar lá, escolher entre as “soft drugs” que são liberadas em todos os lugares, e acender ali mesmo, ou ir para casa fumando sem o menor problema. Uma coisa que achei interessante é que os coffee shops não vendem bebidas alcoólicas, e em muitos não se pode nem fumar alguma coisa que não seja “soft drug”. Isso mesmo, o cara vai a um lugar e pode fumar maconha, mas não pode fumar cigarros. E em nenhum dos casos pode beber.
Tem um cara que fez um esquema interessante, acho que pra burlar. Ele tem o coffee shop e ao lado tem o club. É este da foto do post passado. No coffee shop ele vende as drogas e no club vende cerveja, então o cara compra o baseado dele ali e vai para o vizinho fumar bebendo uma cerveja. Mas os caras são cara de pau mesmo e acabam vendendo cerveja no coffee shop. Por mais liberdade que se tenha sempre tem alguém que se dá bem em cima dos outros, né....
O fato é que aqui o cara fuma mesmo, na caruda. Perguntei a um cara o que o povo daqui pensa disso. Ele disse que segundo estudo 60% da população consome as soft drugs. E que mesmo o pessoal mais janotinha que se vê na rua consome. Mas em outras cidades menores isso é muito mal visto.
Um dos poucos lugares onde pode ser que a polícia peça para você apagar o seu bazoo é no Red Light District. Lá parece que é um pouco mais restrito para evitar problemas, mas também não é nada que te coloque na cadeia. O máximo que você vai ouvir é um “você poderia apagar seu cigarro, senhor?”
De qualquer maneira, mesmo estando aqui há 7 dias eu ainda não consigo achar isso muito normal, mas é impressionante o respeito que existe desde que haja ordem. Você vê o cara chapadão na rua mas sabe que ele não vai te fazer nenhum mal. Acredito que isso porque o consumo destas drogas não esteja de qualquer maneira vinculado ao crime. É como uma cerveja, de verdade. O cara trabalha, compra, usa, o cara que vendeu também está trabalhando e assim caminha a humanidade....
Sexo no parque – VERDADEIRO!
Sim, aqui as pessoas podem expressar todo o seu amor atrás da moita, literalmente. Nos parques você encontra uns caminhos com arbustos dos dois lados. Entrando neles você vai perceber que tem umas áreas que os arbustos ficam fechados, mas na verdade sempre tem uma entradinha e no meio não tem nada. É ali que o amor acontece. De qualquer forma o fulano tem suas regras básicas. Tem que sem escondidinho no mato e não pode fazer barulho.
Também acho que não seja nenhum absurdo o cara se esconder e não fazer escândalo. Estes parque, além do sexo, tem de tudo. Muita gente sentada à beira dos lagos conversando, fazendo pique-nique, dormindo, ou simplesmente contemplando a natureza. Tem muitos músicos tocando, aliás tocando bem. Tem uns violinistas, saxofonistas, e por aí vai. Sempre vale a pena parar para ouvir um pouco, mas sempre paro meio longe pra não ter que dar dinheiro....rs
E para quem acha que o Brasil não está representado aqui, assim como em qualquer cidade turística da Europa, os velhos e bons capoeiristas aqui estão. Ainda estou tentando decifrar o que se passa na cabeça dos mais gringos quando veem aquilo, mas o que mais parece é que pensam “nossa, olha como esse menino sabe pular.....”, mas acredito que ninguém vê aquilo como um grande espetáculo, pelo menos é o que parece. Outro dia encontrei eles na praça e ontem quando eu passei por dentro do parque, lá estavam.
Acho que é isso. Hoje é um dia importante por aqui e amanhã também. Espero que quinta eu consiga ficar de bobeira o dia inteiro. Quero ir pelo menos ao Museu Van Gogh e à Heineken...
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
Amsterdam: cidade de hábitos simples e curiosos
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
Mès que una ciutat
Fui acompanhado pelo Milton e conhecemos a Maria, que é a flatmate da Mari. Uma colombiana divertida. Acho que o fato mais marcante da noite foi a descoberta de que a gata que elas estão criando na verdade é um gato, segundo o veterinário. Eu não me lembro de ter visto isso alguma vez. Como duas mulheres podem criar um gato achando que é uma gata??? Vai entender...
De qualquer maneira foi muito legal rever a Mari. Ela continua igualzinha. Bem sussa, cheia de assuntos e coisas engraçadas pra contar. Não sei como ela ainda não cobra ingresso. Bom, o pior é que não a reconheci e nem ela a mim. Apesar de estar uma pessoa igual ela está diferente fisicamente. Acho que mais magra. E eu mais gordo, bem mais gordo. Assim acabamos nos sentando em mesas distantes, apesar de ela ter passado na minha frente e não termos nos reparado. Só depois de ligar para ela que descobri que estava lá. Eu nós esperando há mais de 30 minutos. Mantendo a minha tradição de tiozinho, afinal de contas algumas coisas não mudam, fui eu quem quis ir embora primeiro. Claro que o Milton voltou comigo e as meninas ficaram. Mas estou evoluindo, acho que já tinha passado da meia-noite.
A Plaça Reial é um lugar de Barcelona que eu gosto muito. Conheci com a Camila e temos uma foto que eu adoro. Quando estivemos lá a fonte jorrava uma água verde de sujeira. O lugar é meio sujo mesmo, mas tem um charme bem legal e é muito bonito. Tipo a Plaza Mayor, de Madri, mas pequena e mais envelhecida.
Chegando ao hotel, mais uma vez não consegui dormir e o medo de perder a hora hoje era grande. Falei com a Carol no MSN, assisti a um filme chato demais e consegui dormir por volta das 4h. Às 6h30 me ligaram da recepção para me acordar e a TV ligou, de acordo com o que programei. O sol também já entrava no quarto que estava com as cortinas abertas e estava abafado, pois desliguei o ar. Assim não tinha como não acordar. Tomei banho rapidão e vim ao aeroporto.
Fiz check-in mais de duas horas antes do voo e fiquei rodando por aqui. Esse aeroporto que vim desta vez é muito legal, parece um shopping. Em homenagem à Ju eu tomei um CAFÉ, mas o cara viu que eu não entendia nada desta complicada arte e me perguntou: “Un café sólo??”. E eu quase respondi: “Un café y la concha de tu madre. Qué más puedo querer???” mas na verdade eu só sorri e respondi: “sí, gracias!”
Depois me peguei igual um bobo vendo uma foto de uns 15m2 da Dolce & Gabana, mas era pré ver se encontrava o Nando. Ele não estava e eu passei por maricón. Mas foi melhor assim porque se estivesse eu ainda tiraria uma foto, o que seria inexplicável por aqui. Aí percebi que era de underwear. Eu de fato estava parado no corredor olhando uma foto gigante com uns 4 ou 5 caras de cueca....huahuhauahua
Antes de chegar aqui ao portão de embarque parei em uma loja da Ferrari. Isto mesmo, uma boutique da Ferrari no aeroporto. Deus sabe o quanto eu mudei pra não ter comprado um tênis ou uma camiseta. Sei que vou me arrepender igual com uma camisa do Massa há 2 anos, mas tudo bem. O curioso da loja é que passaram uns 3 grupos de italianos, e com toda a sutileza que só eles e os grupos de brasileiros têm no exterior eu só entendia as palavras “Ferrari” e “Massa”. Eles devem gostar um tanto do Felipe. Mas o mais legal era a vendedora. Eu concluí que ela na verdade é uma daquelas modelos que ficam segurando o guarda-sol no grid de largada, mas está trabalhando aqui porque está de castigo. Quanta má vontade. Mas tudo bem, foi melhor assim. Acabei não comprando nada mesmo.
Só para registro queria comprar camisetas do Barça pro Gi, pra Julia e pro Rafa, mas ta bem carinho e vai ficar para a próxima...
Hora de embarcar e ver o que me espera em Amsterdam, além de uma Heineken bem suada...
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
E finalmente o Cruyff
Então.... chegando ao restaurante vimos o Cruyff sentado à mesa com algumas pessoas. De longe fazia bem o estilo sou-coroa-bem-sucedido-vida-mansa-pra-caralho, o que logo me remeteu à fama que tem de turrão e grosseiro, que odeia dar entrevistas. Ele logo percebeu que éramos a equipe que ele estava esperando e veio ao nosso encontro. Logo de cara mudou minha ideia sendo bastante simpático ao nos cumprimentar e passou a fazer o estilo ta-bom-eu-sou-o-cara-mas-não-sou-tao chato-vamos acabar-logo-com-isso. Decidimos que faríamos em uma área muito legal que tem para fora do restaurante, mas sinceramente não acho que ficou legal porque tinha uma grade atrás, sem contar a placa de “silenci” (em catalão) que também apareceu, mas tudo bem, a minha parte não era essa mesmo.
Antes de começarmos o Milton chamou o Claudio para alguma coisa e eu fiquei sozinho com o cara. Era exatamente o que eu queria, já que achava importante sentir mais ou menos o que ele gosta e o que não gosta de falar. Então puxei assunto perguntando sobre a Johan Cruyff Foundation (http://www.cruyff.com/asp/eng/cruijfffoundation.asp?page=6), e acho que este assunto deu a liga para que eu pudesse falar com ele sobre coisas mais delicadas durante a entrevista. Ele me falou em off sobre esta fundação, que ajuda portadores de vários tipos de necessidades especiais a conseguirem uma vida mais digna por meio do esporte. Outro projeto é o Sport Management for Sports People, que ensina gestão esportiva a ex-atletas, uma vez que estes não têm condições de estudar durante sua carreira esportiva (http://www.cruyff.com/asp/eng/academics.asp?page=3). É realmente muito interessante, principalmente pela paixão que ele coloca em coisas que ele não tem a menor necessidade de fazer. Antes da entrevista também ficou muito claro que ele é objetivo, não no sentido de falar brevemente sobre as coisas, mas na forma de pensar. O raciocínio dele é tão simples e tão à frente que ele precisa explicar as coisas.
Bom, da pauta que o Japão me passou eu pouco usei. Sabia os assuntos que queriam que eu entrasse e eles foram fluindo normalmente. Outros, pela ingenuidade quase infantil, eu nem fiz. O cara tem tanto conteúdo, tanta coisa legal pra dizer que eu realmente acho irrelevante usar o tempo dele perguntando por que usava a camisa 14, apesar de realmente ser curioso. Falamos sobre o início de sua carreira no Ajax, na Seleção Holandesa, no Barça. Falamos sobre como e por que se originou a “Laranja Mecânica”, como ela funcionava, sobre o Rinus Michels, sobre seu primeiro treinador, sobre o fato de em 74 a Holanda ter maravilhado o mundo, sendo considerada até hoje a única grande revolução do futebol, e mesmo assim ter perdido a final para a Alemanha. Falamos sobre 78, quando ele não quis ir à Copa, quando se esperava que fosse coroado o craque do mundial mais uma vez. Foram tantos assuntos, e eles foram fluindo tão naturalmente que os 15 minutos se transformaram em uma hora, e ele nem coçou a cabeça ou demonstrou cansaço....rs
Fiquei realmente maravilhado por ter conhecido um cara que eu considero um gênio, não apenas por tudo o que fez em campo, mas por saber exatamente o que tinha que fazer. É exatamente o oposto do jogador brasileiro, que faz praticamente por instinto pela qualidade técnica que tem, mas é igualmente fascinante. Ao contrário do que eu esperava, no total foram quase duas horas de muita gentileza e cordialidade, mas principalmente de aprendizado, isto sem contar com umas quatro ou cinco frases que certamente entrariam para a sua longa lista de pérolas.
Quando ele nos deixou o tempo havia mudado e estava meio frio em Montanyà, mesmo assim ele foi jogar seu golfezinho, afinal de contas esporte é esporte e ninguém é de ferro...
Depois da entrevista tive algumas reuniões aqui em Barcelona sobre outros assuntos, e hoje só tenho compromisso até a hora do almoço. A tarde vai ser aproveitada para colocar em dia o trabalho do Brasil. Uma pena que não vai dar pra passear.
Mas de qualquer forma amanhã acordo cedo e na hora do almoço já devo estar em Amsterdam, onde vai começar mais um montão de coisas diferentes. Entrevista com o Davids, reuniões sobre alguns negócios e, quem sabe, assistir ao jogo entre Holanda e Inglaterra que vai acontecer no dia 12. Espero que sim...
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Sorpresa! Sorpresa!
Depois de a Malwee atropelar o Deportivo Tachira no último sábado (1) na final da Libertadores de futsal, que aconteceu em Jaraguá, fui a São Paulo com minha dupla de amigos botox, Andrey e Franklin, e com os filhos do Franklin, que estavam passando férias em SC. A viagem foi tranquila e chegamos por volta das 6h. Dormi até umas 11h e logo depois a Mi e eu fomos almoçar na minha avó.
Claro que mais uma vez nem deu pra dar atenção direito a ninguém, nem à Camila, afinal de contas desta vez fiquei poucas horas com ela e estava com um sono absurdo. No aeroporto minha mãe comprou uma camiseta como presente de dia dos pais do Giovanni, mas eu nem dei muita importância, apesar de tê-la escolhido, porque combinei que só usaria a partir de domingo.
O voo saiu de SP no horário e chegou a Amsterdam às 11h12, hora local, sendo que eu tinha conexão às 12h. Percebi que perderia o voo quando me dei conta de que teria que passar por uma checagem de passaporte na saída do avião para só então me dirigir à imigração, onde a fila era absurda. Isso sem contar que o aeroporto é gigantesco. Tipo um CDG mais moderno. Bom, chegando à imigração só uma frase veio à minha cabeça: Tô fodido!
De qualquer forma resolvi fazer o que estava a meu alcance e relaxar, afinal de contas a entrevista com o Cruijff, ou Cruyff, para a TV japonesa estava marcada apenas para terça-feira, às 11h. Mas o que me preocupava mesmo era que minha bagagem chegaria a Barcelona antes de mim, o que me poderia causar problemas. Fui autorizado a pegar a fila rápida da imigração, mas é claro que havia uma família à minha frente que estava causando dúvidas ao agente da imigração. A mim não causou nenhuma: eles nunca mais vão sair da Holanda.
Claro que a família foi autorizada a entrar, e então foi minha vez. Acho que a minha cara foi tão de saco cheio que eu não disse uma palavra, ele me mediu, eu bufei e ele carimbou o passaporte sem dizer uma palavra. Em seguida, faltando 15 para o meio-dia, tira o cinto, abre lap top, abre bagagem de mão. Me liberaram e eu saí correndo como um louco no meio do aeroporto. Engraçado ver aquele monte de gente olhando como se eu fosse um alien suando, segurando a calça com uma mão e com a outra relógio, passaporte e passagem. Corri, corri, corri. Deu uns 5 minutos numa pegada forte, desviando de todo mundo e morrendo de medo de levar um tiro de algum policial maluco. Cheguei à fila às 11h59 suando em bicas. Era o último quando faltavam apenas 2 passageiros.
Sentei no meu lugar e aí sim comecei a suar de verdade. Coisa ridícula. Pra não ter moleza sentaram-se ao meu lado dois caras do meu tamanho. Cochilinho, mais comida de avião, Beatles no iPod e cheguei a Barcelona. Fui à esteira 40 com todos que estavam no meu voo. Agora era só retirar a mala que o João me emprestou, da Seleção Brasileira, fácil de reconhecer, e pegar um táxi para o hotel, onde eu encontraria o Milton.
Aí veio a primeira surpresa do dia, ou melhor, não veio. Cadê a minha mala? Pois é, eu cheguei e ela não. Quando fui fazer a reclamação tinha um garoto na mesma situação, que fez a mesma conexão que eu. A boa notícia era que a mala viria no voo das 19h. A melhor notícia é que eu tinha o presente de dia dos pais do Gi para me virar no calor até que as coisas chegassem.
Saindo dei de cara com o Milton, que foi me esperar no aeroporto com o Claudio, que faria as imagens na entrevista do Cruyff. Quando falei pra ele da surpresa que eu tive chegando, ele me contou que tinha uma ainda maior. “O Cruyff vai ter que viajar amanhã. Estamos indo lá agora pra fazer a entrevista.”
Uma vez inevitável, relaxa e vai... recebi uma cópia da pauta enviada pelos japoneses. Quem me conhece sabe o que eu fiz com ela..... pelo menos serviu pra eu saber os assuntos que eles queriam que eu tocasse. E só....rs
Fomos nos afastando de BCN e chegando a uma linda região montanhosa. O lugar propriamente dito chama Montanyá. Simplificando o que é insimplificável (inventei agora) trata-se de uma montanha que se sobe por uma estrada de cobrinha, tipo aquelas do Tour de France, com casas de bacanas, e entenda-se por bacanas gente muito BACANA, e um Golf Club espetacular, onde gravamos.
Chegamos ao lugar e informamos que faríamos uma entrevista com o Sr. Johan Cruyff, e nos avisaram que ele já estava esperando no restaurante, apesar de estarmos uns 20 minutos adiantados. Entramos no restaurante e o resto eu termino depois porque já estou atrasado.
quinta-feira, 23 de julho de 2009
Intensidade é a palavra!
Outro dia tive alguém puxou aquela conversa básica comigo:
- E aí, tudo bem?
- Intenso.
- Como assim, intenso?
- É que tem tantas coisas acontecendo, umas muito boas e outras muito ruins, que não dá pra definir. É isso.
Então eu prefiro começar pela pior. Meu cunhado, um cara de quem eu gosto bastante, sofreu um acidente e está hospitalizado. Claro que ele é o maior prejudicado nisso tudo, e isso causa um sofrimento tão grande para todas as pessoas envolvidas que a situação fica realmente muito difícil. A instabilidade toma conta de todo mundo, mas ainda há um lado positivo, que eu acredito ser a mobilização das pessoas para que tudo melhore. Na prática pouco pode ser feito por nós, mas acho que a corrente que se forma de vibrações positivas pode, além de melhorar o estado dele, fazer as pessoas entenderem a importância do que realmente tem alguma relevância na vida, por mais doloroso que possa ser este processo. Eu, aqui de longe, fico angustiado por não poder fazer mais, mas tento ajudar da forma que eu consigo, e uma delas é desejando muito o seu bem.
Também tem uma coisa boa acontecendo, que tem o seu lado ruim, que está próximo de acontecer. Meu filho, que eu amo mais do que as pessoas podem imaginar, está aqui no Brasil. Não foi possível ficarmos muito tempo juntos, mas acho sim que o tempo que tivemos foi de muita qualidade. Tivemos uma semana muito legal aqui em Jaraguá e eu tenho certeza de que não vou me esquecer daqueles dias, por mais simples que tenham sido. Para mim foi muito importante fazer café da manhã, almoço, jantar, fiscalizar banho, levá-lo ao jogo de futsal (mesmo sendo uma das pouquíssimas derrotas que a Malwee sofreu no ano), levá-lo ao Juventus para que ele conhecesse um clube de futebol, para que entrasse no gramado e visse o treino, além do velho e bom vídeo-game que jogamos. Também valeu a pena levá-lo ao supermercado e deixá-lo escolher as coisas que ele queria comprar. Ele é um companheirão. E nem reclamou quando, no último dia, atrasado para ir ao aeroporto, esqueci de preparar alguma coisa para ele comer e fomos obrigados a encarar o lanche horroroso da Gol como principal refeição do dia. Também demos muitas risadas no avião, e ele nem percebeu o pânico que eu tenho de voar.
O lado ruim? Ele vai voltar para os EUA no próximo domingo.
Coisas boas também tem de montão. Dei para a Camila uma aliança de noivado de verdade, se bem que eu achei muito original me ajoelhar no meio do bar e pedi-la em casamento com um anel de gelo. Quem já passou por isso?
Também tem coisas legais acontecendo no meu trabalho. O Falcão tem jogado muita bola e está conquistando um espaço cada vez mais legal na mídia, a Malwee joga nos dias 31/07, 01 e 02/08 as finais da Libertadores, e pode conquistá-la pela quinta vez consecutiva. O Juve está bem, brigando pelas primeiras posições da Divisão Especial Catarinense.
E também tem os compromissos com os ex-jogadores holandeses Cruyff e Davids em Barcelona e Amsterdam no início de agosto. E vamos combinar que isso é bem legal, vai....
Isto é o que eu chamo de intensidade. Claro que não justifica minha ausência com muitas pessoas, principalmente com o meu amigão Ricardo, que está no momento mais legal da vida dele e eu estou longe. Tantas outras pessoas das quais deveria estar mais perto e não estou.... mas parece que a vida está assim mesmo para todo mundo. As distâncias não se medem mais em quilômetros. Eles são muito objetivos para limitar a vida das pessoas. As distâncias agora acho que se medem principalmente pelo quanto queremos bem e desejamos estar perto das pessoas, e olhando por este ângulo eu me sinto muito mais perto do que as pessoas conseguem perceber.
quarta-feira, 22 de julho de 2009
Que raio é esse???
De qualquer maneira achei muito legal o blog da Ju. Sempre me senti perto dela, mesmo estando tão longe e falando tão pouco com ela. Sei que isso só foi possível por conta do blog impagável que ela tem (tudo bem que não anda atualizando como antes, mas tudo bem....).
Bom, no fim das contas achei que este blog pode ser uma oportunidade de estar mais próximo a pessoas que eu gosto muito e que tenho pouco contato. Pode ser uma forma de pelo menos contar a elas como estão as coisas. Mas não se assuste se eu parar de postar de uma hora para outra.
Como na maior parte do tempo a minha vida tem se resumido a trabalhar eu achei que seria legal usar o meu trabalho como ponto de partida, afinal de contas é o que eu mais faço, e aliás gosto muito de fazer.
Eu já tive blog, mas até hoje não sei ao certo que raio é esse, mas vou tentar descobrir. Se a brincadeira enjoar, eu paro... rs