sexta-feira, 26 de março de 2010

Barça, Barça...

Depois da minha breve parada no Bulldog (http://www.thebulldog.com), onde eu juro que só fiz umas ligações via Skype, escrevi para o blog e tomei uma Heineken, corri literalmente para o hotel, que no fim nem estava tão longe assim. Pedi um taxi para chegar às 17h30 no aeroporto e adiantar o check-in. Como o pessoal na Holanda prima pela meticulosidade, os 4kg a mais na minha bagagem foram o suficiente pra eu ter que abrir minha mala no meio do saguão e passar alguns pares de sapatos para a bagagem de mão.

Já há 2 dias vivendo à base de toda sorte de fast food, até porque não se encontra comida típica nos Países Baixos, tentei em vão achar um bom restaurante na área de embarque do aeroporto de Shiphol, que deve dar pelo menos 6 vezes o aeroporto de Cumbica inteiro. Claro que não havia, e o jeito foi comer o velho em bom sanduba de bacon com alguma coisa. Neste caso, ovo...rs

Voo atrasado por conta de um possível problema na turbina, que não se confirmou, e a sorte de ter a última mala a sair na esteira de desembarque em Barcelona (não estou sendo irônico, foi sorte mesmo, na vez passada a mala simplesmente não chegou), por volta de meia-noite cheguei ao hotel. Ah, vale o registro de que voei ao lado de uma russa que tentava a todo custo aprender espanhol no avião para falar na viagem de uma semana a terra de Cervantes. Não preciso falar o fiasco...

Bom, e foi depois de chegar tarde ao hotel e receber uma chamada do Milton,que estava hospedado em outro lugar e com quem ainda precisava me reunir, que bati o recorde brasileiro do Hard Rock Cafe, que consiste em almoçar no de Amsterdam e jantar no de Barcelona. Fato batido este ano apenas pelo prazer de ganhar a Superliga Futsal às 19h00 em Betim (MG) e dormir às 23h00 com meu amorzinho em São Paulo.

Já na sexta nos mudamos para o Hostel onde ficarão todos os garotos do soccer camp (sim, trouxemos 40 japinhas para Barça), e a minha surpresa foi muito boa ao ver que ele é melhor que muito hotel que eu fiquei nos últimos tempos. Bacana pra quem quer conhecer a Europa sem gastar muita grana (http://www.barcelonaurbany.com).

O almoço finalmente foi uma comida descente em um restaurante chinês indicado pelo responsável pelos intérpretes do grupo. Comida excepcional. Parecida da vovó chinesa, se é que existem vovós da china. E o principal é que a dona do restaurante garantiu que não havia carne de Chow Chow e nem de Maltês, ou seja, minha consciência está tranquila.

Bom, na parte prática o dia deu certo. Bastante trabalho e agora eu oficialmente tenho um celular europeu. A operadora é Carrefour!!! O inacreditável é que ele custou 19,00 euros, sendo que 10,00 vieram de crédito. Coloquei mais 20,00. Parece nada, né... mas o minuto para qualquer telefone da Espanha custa 0,08, o que me habilita a falar mais de 30 minutos por dia até ir embora daqui. Quase igual ao meu plano da TIM do Brasil.

No fim, o que eu mais achei interessante foi a impressão que tive hoje pela manhã ao ir para a rua. Eu adoro Amsterdam, acho lindo demais, até digo que parece a cidade da Barbie. Tudo perfeito demais. Já aqui em Barça eu respirei fundo pela manhã e vi uma cidade muito parecida com SP. Claro que aqui existe um montão de problemas, como em qualquer cidade grande do mundo, mas parece uma SP de alguns anos atrás. Aquela do Mappin, do sanduba de calabresa no centro. Aquela que eu ia com a minha avó ao centro e era divertido. Claro que tem muita diferença, mas com certeza tem muitas coisas legais que também há em SP e algumas que já não existem mais. Outras coisas ruins também estão aqui, e os perigos são muito parecidos, mas o ar é de prosperidade.

Hoje, aqui em Barcelona, pela primeira vez eu percebi uma coisa que muita gente diz. A cidade é muito parecida com aquela que eu adotei e que me adotou também há tantos anos. Não sei por que, mas isso nunca me havia ocorrido. E para quem conhece um pouco da história do que era Barcelona antes de 1992 e hoje vê em que ela se transformou, fica a esperança de que um dia possamos viver assim também nas grandes cidades do Brasil.

Para este sábado a programação é treino da garotada com um pessoal do Barça, visita à Sagrada Família, Camp Nou e jogo do Barcelona pela TV. Já no domingo teremos jogo do Espanyol no campo (meu primeiro jogo na Espanha). Semana que vem é a vez de ver o Messi em ação, ao vivo...

quinta-feira, 25 de março de 2010

E começam os trabalhos em Amsterdam


Depois da cerveja que eu fui obrigado a tomar no aeroporto, em SP, tudo ficou mais tranquilo, ainda mais com os vinhos do jantar no avião. E eu que tenho dificuldade de dormir em viagem ainda tive a sorte de pegar a poltrona do corredor e sem ninguém na do meio. Só um padre com cara de bonzinho no outro corredor.

Chegando em Amsterdam fiz a tradicional entrevista na imigração, desta vez mais rígida porque da vez passada eu tinha conexão e estava atrasado, aí pude passar pela “imigração expressa”, que al fin y al cabo, como dizem os espanhóis, só quer saber se você vai embora logo do país. Mas desta vez teve as perguntinhas do vestibular pra entrar.

Uma vez aqui, peguei um taxi e fui para o hotel. Desta vez fiquei no Hotel Rokin, que fica na rua de mesmo nome, uma das mais movimentadas da cidade e a poucos quarteirões do Red Light District (aquele onde as moças de pouca fé se mostram em janelas) e também da praça Rembrandt, onde há muitos Coffee Shops. Como eu pude imaginar, localização boa + preço justo = hotel sem muito conforto. Nada que comprometa, mas a trabalho é melhor ficar em hotéis melhores. De qualquer forma, no fim da noite valeu a pena.

Tive uma reunião importante, afinal de contas não estou passeando, e tudo aconteceu da melhor forma possível. Quando tudo estava resolvido tomei as primeiras garrafas de Heineken com os parceiros. De onde estava até o hotel poderia pegar um taxi, o Tram, ou caminhas uns 50 minutos. Fui na terceira opção porque o caminho é muito legal. Fiz uns pit stops, com direito a reidratação. Em um dos bares, onde já tinha parado mais cedo para um café, descobri que um barman é brasileiro, mas nem conversamos muito.

Quando cheguei ao hotel me dei conta de que estava há cerca de 12 horas, desde o avião, sem comer, o que automaticamente me deu aquela sensação de estômago colado nas costas. Neste exato momento estava no MSN com a Debs, que queria ir lá em casa ontem jogar Beatles no PS3. Nem sei se acabou indo....

Andei um pouco e acabei comendo um Whoper, no BK. Como a Holanda não tem pratos típicos você sempre acaba caindo em restaurantes de comida internacional, principalmente argentina, e neste caso fui no velho e bom sanduba. Depois voltei para a cervejinha. Algumas na praça Rembrandt, depois em um pub que eu descobri andando. Na verdade o que me chamou a atenção foi o som. Entrei e pedi o primeiro pint. De repente me dei conta de que só havia homens no lugar. Cheguei a pensar que fosse um bar gay, mas não era...rs

Ali fiquei por algumas horas. Bebi e conversei com a moça que atendia todo mundo muito bem no balcão, haja boa vontade pra conversar com um monte de bêbados. O interessante é que os bares têm um fumódromo, que é uma espécie de cabine onde o povo se tranca pra fumar. O cara que sentava ao meu lado ficava mais tempo lá dentro do que bebendo, e é claro que isso acabou com um belo vômito, por sorte no jornal que ele lia.

À 1am o pub fechou e dali, ainda cansado pela viagem, mas sem muito sono pelo fuso, fui ao Red Light pra ver o movimento. Na verdade, como eu já relatei nesse blog, é uma região muito mais turística do que de prostituição propriamente dita. Os bares estavam todos fechando, quando um, que já estava fechado, abriu para que eu entrasse. Não vou negar que fiquei meio receoso quando o Mike, um africano que vive em Ams há um tempão abriu pra mim. Pedi uma pint, que veio com uma porção generosa de amendoim. Conversamos bastante, e obviamente ele só queria saber de futebol do Brasil. Quando ia embora ele ainda me deu uma cerveja pequena “on the house”, e isso retardou minha saída por alguns minutos...rs

De lá para o hotel foram não mais que 5 minutos, compensados com uma boa noite de sono. Hoje viajo a Barcelona, onde fico até dia 6, quando volto para cá. Como não rolou o late check-out eu tive que sair do hotel e descolar um lugar para usar a net. Depois do almoço no Hard Rock, que lamentavelmente não tem wi fi, eu vim ao famoso Bulldog Coffee Shop onde a net é free.

Agora vou correndo buscar minhas coisas e ao aeroporto. A viagem só tá começando....

terça-feira, 23 de março de 2010

Primeira parada, Amsterdam!

Eu havia planejado para que hoje fosse um dia tranquilo, e olha que eu ate fiz a mala ontem a noite. Mas eh claro que ainda não vai ser desta vez. Correria total desde cedo.

Leva os cachorros para passear, se incomoda com o material da viagem que não chega, vai ate o centro trocar dinheiro, corre para o banco (e Deus abencoe o Prime!), busca a mae da Camila, vai ao Pari, faz a autorizacao pro Giovanni voltar para os EUA (sim, ele vem ao Brasil e eu vou do Brasil). Ai finalmente um momento tranquilo.

Almoco na padaria Nova Balnearia, antiga Luso Balneraria. E para minha surpresa ela nem de longe se parece com o chiqueiro que foi um dia. O dono eh o filho do Sr Manoel, sujeito saudoso que vendia bebida e cigarros para nossa turma quando estavamos no colegial. Antes e depois da aula...rs e o mais legal eh que o velho e bom Bigode segue comandando a chapa. Um pouco menos romantico, ja que agora não tem mais o famoso bigode, assim como a unha afiada do dedinho. Não vi, mas acho que tambem não mexe mais no pernil com as maos. Mas ainda eh o Bigode. Merecia ate uma cerveja. Falei com ele e ele fingiu que se lembrava de mim.

A vinda ao aeroporto ficou por conta do Samuel e da minha mae. Legal para descontrair. Eles estao naquela idade em que ja se para na vaga de idoso, mas não quando tem mais alguem junto.

No aeroporto tudo mais tranquilo que o normal. Fila nenhuma no check-in, os dois motoboys que tinham que me encontrar chegaram sem problemas, e quase ao mesmo tempo.

Agora, ja na sala de embarque, tenho uma hora ate embarcar. O aviao ainda não esta aqui, mas o pensamento eh positivo. Depois de algum stress acho que mereco iniciar os trabalhos. Provavelmente um vinho para dar sequencia no jantar da KLM, que nem eh tao ruim assim.

Se nenhuma surpresa acontecer nas proximas duas horas, eu so tenho que colocar no piloto automatico ate chegar a Amsterdam. Eh bom relaxar, porque la a correria promete....



Enviado do meu BlackBerry® da TIM

terça-feira, 9 de março de 2010

O irmão mais novo no País do Futebol

É indiscutível a importância do esporte na vida do brasileiro. Apesar de cada um de nós fazer do Brasil o “País do Futebol”, nem sempre é tingido de verde o palco onde rola a emoção. Tampouco é macio como os grandes tapetes gramados dos nossos estádios. E nem sempre o espetáculo é cadenciado, como no balé dos pentacampeões do esporte mais popular do mundo.

A emoção também acontece em pisos rápidos, coloridos, que mais se assemelham às pistas de dança dos clubes onde o ritmo frenético é ditado por batidas fortes e notas que nem sempre entendemos, mas que elevam o espírito a alturas extremas, inimagináveis. Pistas nas quais o suor é o primeiro dos prêmios que está por vir. Democrático, este chega para todos que se esforçam, todos que contribuem. Independe do resultado.

No “País do Futebol”, seu irmão mais novo também conhece os caminhos da emoção. Esperto, ligeiro, sedutor como só ele pode ser. Traz em si o frescor da juventude e a molecagem que no mais velho se via em tempos distantes, de linguagem formal e imagens em branco e preto. Suas traquinagens também atraem milhares de torcedores apaixonados, e embora sua pretensão não seja superar o primogênito em tamanho, ele insiste em ser o mais alegre.

Assim é o futsal. Despretensiosamente maroto, surpreendentemente apaixonante. Nele se constroem reinados, ídolos e lendas. Dele despontam grandes talentos, inúmeras vezes exportados para seu irmão maior, aquele mesmo, que em épocas escuras lembrou ao povo brasileiro que o talento e a força para ser o melhor está dentro de cada um de nós, ainda que tudo leve a crer no contrário. Mas nele também ficam grandes astros, que expõem sua arte a espectadores atônitos frente a tanta habilidade.

Dizem que um bom time começa com um bom goleiro, o que dizer então do time que tem o melhor entre os arqueiros? Como descrever aquele que tem reflexos de felino e flexibilidade acrobática, capaz de levantar uma torcida por evitar um gol, ou dois, ou três? O heróico anti-herói do esporte. E como descrevê-lo, então, se além das mãos, os pés também encontram o parceiro melhor posicionado, ou mesmo a meta adversária? Utópico? Não, Tiago. E ingrata é a tarefa de substituí-lo, ainda que com toda a competência de Marcinho e Bazílio.

Mas justiça seja feita, nem mesmo o melhor dos goleiros, sozinho, pode impedir a derrota. Ele precisa da proteção de seus fiéis escudeiros. Ele precisa de pequenos gigantes, como Leco, ou de batalhadores incansáveis, como Chico. Talvez um pequeno gladiador, de jeito simples, fala mansa e um motor que não pára nunca, como um Lucas. O melhor goleiro merece contar também com a maior experiência, merece um guerreiro que traga no sangue a nobreza enraizada da nossa terra, ele merece a proteção de um Índio.

Para chegar ao ataque, o caminho pode ser a elegância jovem chamada Dian, ou a força inteligente de Bruno Souza. Talvez por meio da timidez que se desfaz nos tiros potentes de Jonathan. Mas por que não a velocidade que leva o mesmo nome e número de um dos grandes gênios dos gramados, como o “7” Bebeto? Ou talvez Valdin, o “filho pródigo”, que parece que nunca foi embora. E claro que todos os caminhos levam ao gol quando se pode contar com um craque instintivo como Falcão.

Lá na frente ficam os demolidores de paredes, aqueles que tiram do adversário qualquer possibilidade de defesa. E a demolição pode vir de forma informal, rápida, provocativa como só Marcio sabe fazer. Ou pode ser sutil, elegante, em lances que muitas vezes desarmam até a torcida adversária, que se rende à genialidade única de Lenísio, o craque que também é mestre na simplicidade.

Assim é o irmão mais novo do futebol. Assim é o futsal. Nele brilham talentos tão grandes, que fazem a inevitável comparação entre os dois completamente sem sentido. Nele brilham jogadores apaixonados e apaixonantes, únicos. Nele brilham equipes que em suas camisas trazem a tradição conquistada ao longo de uma história só dele.

E a Malwee/Cimed Futsal, mais do que uma grande conquistadora de títulos, orgulha-se de dar sua contribuição, e com a quarta conquista da Superliga, escrever mais uma página desta história.

sexta-feira, 5 de março de 2010

A história construída por um sorriso

Qual é o grande objetivo senão fazer história? História se faz a todo momento, a cada gesto, a cada contato, a cada respiração. Tudo funciona de forma sincronizada. O mundo é uma grande engrenagem em que todos somos responsáveis pelo resultado final.

Esta é a teoria. Igualitária e bonita. Todos fazemos com que a história se construa incessantemente. Mas o que se quer mesmo é “fazer” história. O que cada um quer é ser ator principal de um conto atraente, cheio de vida. Todo mundo quer ser o melhor naquilo que faz e fazer aquilo que faz melhor. Um círculo virtuoso.

Para fazer história em todo o mundo, talvez seja necessário ser Napoleão, Churchill, Pelé. Conquistar o mundo, ou evitar que seja conquistado por forças inimigas. Também pode-se ganhar o mundo sem sair de casa. Logo ali no Maracanãzinho. Vencer uma batalha quase sangrenta. Dar uma gota de suor fundamental para a grande vitória. Sem esquecer que para que os grandes atores brilhem sob os refletores há uma equipe que trabalha muito além dos quarenta minutos finais, e muito além das quatro linhas.

Muita gente deposita seu tempo, sua dedicação e seu talento em uma conquista em que poucos aparecerão. Mas é assim que funciona, e é sabido que para um grande herói sempre há alguns grandes ajudantes, de mesma importância. São os heróis dos nossos heróis. Os anônimos tão importantes para que os campeões sejam campeões no fim das contas.

Mas a história não precisa ser gigantesca, pode ser apenas de uma cidade, uma comunidade, um pequeno grupo de pessoas que jamais esquecerão um momento. A história pode ser feita para meia dúzia de crianças que se aglomeram para tirar uma foto à frente de um ônibus que leva seus grandes ídolos. Ela pode acontecer em uma escola pública, onde pessoas simples dividem tarefas para servir um almoço a quem admiram. Talvez em eventos que se sucedem de forma irracional, quase insalubre, para que pessoas que jamais tiveram contato com o brilho de grandes astros, aqueles que são vistos por todas as partes do mundo, possam ter sua luz refletidas em olhos incrédulos.

Ainda que o propósito nem sempre seja coerente ou nobre. Ainda que as coisas aconteçam por motivos muito distantes do que parecem ser, nada disto importa. O que de fato importa é o que fica. O que realmente importa é a história que cada um escreve, e principalmente a forma como faz com que ela aconteça. A história não se faz com um simples autógrafo, mas com o sorriso e a atenção dispensada a quem admira outra pessoa a ponto que querer uma lembrança tão simples quanto um nome escrito em uma roupa ou um pedaço de papel. A história se faz com o sorriso no momento mais difícil, quando o acúmulo de cansaço ou a dor física impedem que qualquer felicidade se expresse espontaneamente, mais ainda assim, com a força que vem da consciência de sua importância, o sorriso sai.

É assim que se faz história, e estes são os grandes heróis, tanto os que sorriem quanto os que trabalham para que este sorriso aconteça, lembrando por fim, que a história, como as grandes conquistas, constroem-se em pequenas comunidades, fazendo com que pessoas comuns se sintam mais próximas de quem mais admiram.