
Quando me propus a manter um blog, a intenção não era outra senão falar aos meus amigos sobre o outro lado do esporte e as experiências que ele proporciona a quem trabalha com ele e não é atleta ou profissional de educação física, focando sempre no lado positivo. Acontece que há ocasiões em que se torna impossível não falar sobre o lado negativo. Obviamente sempre há problemas como em qualquer atividade, mas estas de tão comuns a todos os profissionais não merecem destaque. O fato é que o esporte sofre com outras mazelas que lhe são peculiares, e estas são interessantes, sim, para quem é de fora.
A ligação entre o esporte, seu desenvolvimento, manutenção e os meios de comunicação é evidente para qualquer profissional que viva direta ou indiretamente desta atividade, e não menos clara para o público em geral, que se identifica com clubes, atletas, patrocinadores e até com os veículos os divulgam.
Até este ponto não há qualquer novidade, mas por trás de tudo isso muitas vezes a verdade se torna bastante turva para o público, que sofre com desinformação e incoerências constantes, principalmente daqueles que deveriam servir como suporte para seu crescimento.
Falando sobre obstáculos que fazem parte do cotidiano de quem trabalha com marketing esportivo e comunicação, não posso parar de pensar em um que por vezes quase me tira do sério. É o clássico comportamento que ainda não sei se é desalinhado ou hipócrita de alguns veículos que cobrem o esporte e são responsáveis por grande parte do conhecimento do público.
Como pode uma TV, por exemplo, levar atletas aos seus programas e lembrar empresários, no ar, sobre a importância do patrocínio se estes mesmos programas impedem seus convidados de participarem com roupas ou uniformes que remetam ao clube ou aos patrocinadores que os mantêm?
Um exemplo com o qual convivo diariamente é o de TVs que querem a qualquer custo usar um jogador como o Falcão para aumentar sua audiência, mas negam-se a dar crédito às empresas que possibilitam que ele permaneça no Brasil. Se não fossem Malwee, Banco do Brasil e Umbro, entre outras, provavelmente ele não estaria mais aqui para dar audiência a TVs a cabo que transmitem seus jogos quase que semanalmente e a TVs abertas que descobriram no futsal, e muitas vezes mais ainda na figura do próprio Falcão, uma importante ferramenta para garantir bons números em manhãs de domingo. Será que meu raciocínio até agora vem sendo absurdo?
E se começássemos a chamar o time do Corinthians de São Paulo só porque ele é sediado na Zona Leste da capital paulista? Isso soa absurdo? Podemos também pensar na Portuguesa Santista sendo chamada de Santos, já que é daquela cidade. Eu acho que seria bem interessante um jogo entre São Paulo X São Paulo e Santos X Santos. Mas daria mais confusão quando jogassem Corinthians e Portuguesa Santista, porque este jogo seria anunciado como São Paulo X Santos, sem que ao menos um dos dois estivesse em campo. Papo de louco? Isso acontece!
Enquanto uma empresa como a Malwee Malhas, maior do Brasil em seu segmento, investe pesado para mobilizar uma cidade, um estado e um país em benefício de um esporte que não é o rico futebol, há veículos que se negam a mencionar o nome correto de sua equipe, Malwee Futsal, para chamá-la de Jaraguá. E por que não pensar também em sua maior rival, Krona Futsal, que ainda é chamada de Joinville, mesmo depois de mudanças de gestão, de uniforme e tudo mais? Isto sem citar as equipes de vôlei, que passam pelo mesmo problema. O investimento e gestão de equipes esportivas por empresas que também dão a elas seu nome é uma realidade em todo o mundo. Por que aqui tem que ser diferente?
Mas o mais interessante é que quando um time como o Interviù Fadesa, da Espanha, ganha o Campeonato Mundial de Clubes de futsal, seu nome é cantado aos quatro ventos no Brasil, obviamente impulsionado pela ignorância de repórteres e editores, que desconhecem o fato de o Interviù ser uma revista que mantém o time de futsal, o que me faz crer que muitos veículos no Brasil preferem enaltecer o concorrente espanhol a citar o nome de quem é responsável pelo crescimento do esporte em seu próprio país. Ou deveriam chamá-lo de Alcalá de Henares.
Eu vejo toda esta situação com grande tristeza, mas acredito em um futuro melhor para o esporte. Acredito que a audiência aos poucos vai percebendo isto e migrando para veículos que não testam sua inteligência de forma grosseira e promovem desinformação. Ora, se não que falar da Red Bull Racing, para que transmitir Fórmula 1?
Também tenho experimentado o poder da segmentação. Esta tendência, que cada vez mais vem fazendo a cabeça dos profissionais de marketing, é uma forma direta e muito efetiva de comunicação. Tem que ser trabalhada de forma bastante criteriosa e eu diria que é o oposto da “mídia da mãe”. Em veículos segmentados normalmente a seriedade e a profundidade é muito maior. Também tem a relação custo x benefício que, sem dúvida, é muito interessante.
Infelizmente, para quem tem menos conhecimento, e muitas vezes pode ser alguém que tenha poder de decisão em clubes e empresas patrocinadoras, ainda impressiona um programa vespertino dominical, mesmo que todo o seu público alvo esteja na praia esta hora. Mas esta é só mais uma luta que tem que ser travada, entre tantas que devem ser vencidas, para que os profissionais de esporte sejam finalmente reconhecidos e tratados realmente como profissionais.
assino embaixo!
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